quinta-feira, 20 de outubro de 2011

ENEM - PROPOSTA DE INTERVENÇÃO


Senhores  e  senhoritas,

Como vencer as catástrofes naturais!








Terremotos, enchentes e erupções vulcânicas causam prejuízos humanos e materiais crescentes, conforme aumenta a população mundial.
 Reduzir as perdas implica definir planos para conscientizar as pessoas de modo a minimizar os riscos das catástrofes naturais


 Como nossa capacidade atual para monitorar, prever e mitigar conseqüências varia de um risco geológico para outro? Que metodologias e novas tecnologias podem melhorar essa capacidade e, assim, ajudar na proteção civil em nível local e global?

Estas perguntas se relacionam ao papel das ciências naturais na disponibilização da informação básica necessária às tomadas de decisões políticas e governamentais.
As questões estão sendo parcialmente tratadas pelo "Tema Desastres Geológicos" do Integrated Global Obser ving System (Igos).
O relatório disponibilizado (ver http://dup.esrin.esa.it/igos-geohazards/ pdf/igos_report.zip) menciona que os cidadãos precisam conhecer o momento da ocorrência, a localização, a extensão, o comportamento provável e a duração dos desastres naturais.
O Igos irá reduzir a diferença entre o que é conhecido e o que é preciso conhecer, a fim de melhorar os inventários, mapas e ferramentas de monitoramento de desastres naturais a serem disponibilizados às agências de monitoramento e consultoria.

Até mais!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

IGUALDADE DE GÊNEROS - ENEM 2011

Atenção !  ENEM 2011



Constituição Federal - artigo 5º/I (discriminação por motivo de sexo)




Se uma pessoa deixa de ter direitos porque é mulher, ela deve denunciar estar sendo vítima do crime de discriminação por motivo de sexo. A Constituição Federal (artigo 5º/I) diz que somos todos iguais, mulheres e homens têm os mesmos direitos e as mesmas obrigações.



Assim, se a mulher receber salário menor para fazer o mesmo serviço que um homem (artigo 7º/XXX da Constituição); se, apesar de ter competência, ela não consegue a vaga porque querem uma mulher de “boa aparência”; se querem obrigá-la a provar que não está grávida ou que é estéril para ser admitida no emprego, ela está sendo discriminada pelo fato de ser mulher.



É também importante saber que, além da Constituição Federal (artigo 7º/XVIII), existem várias leis que protegem os direitos da trabalhadora que fica grávida, após o parto e na amamentação do bebê (CLT, artigos 391 e 392).



O que diz a lei



Constituição Federal - artigo 5º - I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações.



Artigo 7º - XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil

domingo, 16 de outubro de 2011

ENEM - 22 E 23 DE OUTUBRO!

Estudantes não poderão usar lápis, borracha e relógios na prova do Enem




Estudantes que vão fazer as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano não poderão usar lápis, borracha e relógios. A proibição foi mantida pelo Ministério da Educação, que alega questões de segurança. As respostas objetivas e a redação deverão ser feitas com caneta preta.



As provas do Enem serão realizadas nos dias 22 e 23 de outubro!

sábado, 17 de setembro de 2011

RECEITA DE UM TEXTO DISSERTATIVO















 Senhor  e  senhorita,

Falemos  de  DISSERTAÇÃO:

Dissertação e Critérios de Correção


1. Introdução
Dissertar é expor ideias a respeito de um determinado assunto. É discutir essas ideias, analisá-las e apresentar provas que justifiquem e convençam o leitor da validade do ponto de vista de quem as defende.


A dissertação, por isso, pressupõe:

• exame crítico do assunto sobre o qual se vai escrever;

• raciocínio lógico;

• clareza, coerência e objetividade na exposição.

Não pense que dissertar é uma prática destinada apenas a suprir as exigências dos vestibulares, ou ainda, um recurso exclusivo de grandes escritores e políticos ao discutir e defender seus pontos de vista.

2. Estrutura da dissertação

A dissertação, comumente, apresenta três partes:


• Tese (parágrafo introdutório) — É a apresentação do assunto a ser discutido no desenvolvimento. Pode ser elaborada com uma afirmação, uma definição, uma citação ou uma interrogação, combinadas ou não entre si.

• Desenvolvimento (argumentação) — É a elaboração argumentativa da tese, uma análise crítica. Deve apresentar exemplificações, justificativas, explicações, juízos. Pode-se proceder a um confronto entre os pontos positivos e negativos do assunto (se houver), às relações de causa e consequência, às comparações de natureza histórica ou geográfica, à passagem do geral para o particular (e vice-versa) etc.

• Conclusão (ponto de chegada da discussão) –É o parágrafo final em que se podem levantar perspectivas sobre o problema discutido (possíveis soluções). A conclusão pode, ainda, ser uma síntese da argumentação ou uma retomada da tese, reafirmando se o posicionamento nela proposto.

Receita para um texto dissertativo

• Como começar?


Após depreender o tema, transforme-o numa interrogação. A resposta a essa pergunta desencadeará as ideias. Reflita sobre o enfoque a ser dado: pense na possibilidade de concordar com o tema (total ou parcialmente), refutá-lo ou fazer uma oposição de ideias. Depois dessa reflexão, rascunhe livremente seu texto ou planeje o conteúdo (sequência de ideias).

• Como elaborar?
Para construir o parágrafo introdutório, considere as abordagens mais coerentes com o seu conhecimento sobre o tema — uma citação, uma definição, uma interrogação, uma trajetória histórica, uma enumeração, uma oposição etc., podendo combiná-las ou não.

• Como discutir?

Qualquer que seja o enfoque, selecione os argumentos (para endossar, refutar ou fazer oposições). Anote evidências do cotidiano, fatos históricos, relacione causa e consequência, pense, enfim, nos exemplos que melhor fundamentam sua discussão.


• Como argumentar?

Observe se cada parágrafo argumentativo desenvolve adequadamente uma ideia-núcleo (por meio de evidências, exemplos, relações de causa e consequência etc.).
• Como concluir?


Para concluir, proceda de forma coerente com a discussão: sintetize o assunto, retome o ponto de vista da tese ou lance uma perspectiva sobre o problema.

Até mais!

domingo, 31 de julho de 2011

A REDAÇÃO DO ENEM - 2011 (2)






Senhor e senhorita,















Vejam os índices relacionados à educação brasileira:

• O Brasil ocupa a 53.ª posição entre os 65 países avaliados pelo Pisa, o mais rigoroso teste comparativo de desempenho escolar;

• 62% dos estudantes saem do ensino básico mal sabendo ler;

• 89% não sabem fazer as operações aritméticas básicas;

• 14 milhões de brasileiros são analfabetos;

• temos um déficit de 1 milhão de vagas nas empresas por falta de trabalhadores qualificados. (adaptado de Veja, 25/5/2011)

O QUE SE PERCEBE, PORÉM, É QUE: Há muito que a norma culta — o padrão estabelecido por gramáticos e lexicógrafos, que nem sempre, aliás, se põem de acordo — deixou de ter valor absoluto. O substrato real de toda língua está na fala popular, que evolui ao longo
do tempo e impõe, cedo ou tarde, mudanças na norma que se convencionou ser a correta.


Em contexto oral, coloquial ou literário, admitem-se variações definidas como erradas pelo padrão gramatical. Esse padrão configura apenas um conjunto de convenções que assegura lógica ao funcionamento do idioma, ainda que suas regras sejam eivadas de exceções e anomalias.


Daí não decorre, porém, que a norma culta seja um parâmetro inútil ou preconceituoso. Trata-se de um lastro, que também evolui no tempo, cujo sentido é tornar a língua estável e previsível; sem tal garantia, as variações cresceriam de forma desordenada até inviabilizar a própria comunicação.

VEJA UMA OPINIÃO MERECEDORA DE VALORIZAÇÃO:

Vamos conceder, apenas para argumentar, que o livro em questão ensine Linguística. Por que o MEC deveria comprar cerca de 500 000 exemplares desse título para distribuir em todas as escolas do ensino fundamental e médio? Linguística é matéria dos Cursos de Letras!
É raro um professor vir a público para reforçar a norma culta. É mais frequente que venha para espinafrar quem defenda os bons costumes na língua e para justificar que cada um deve escrever como lhe apraz, seja canela ou sassafrás.
Mas não praticaram as transgressões gramaticais que tanto defendem para obter seus títulos e serem aprovados em provas e entrevistas que os qualificaram para ensinar em escolas e universidades; do contrário, teriam sido reprovados.
Deonisio da Silva, escritor e professor universitário, veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/ (adaptado)




Ora, senhores e senhoritas, sou pago para ensinar Português. O livro do MEC, porém, preocupa-se com a Linguística. Esta foi útil a todos ... no Curso de Letras. Na função de professor, não posso negar o direito de os meus alunos aprenderem corretamente. Diga Sim à Norma Culta!



Até mais!







terça-feira, 26 de julho de 2011

REDAÇÃO DO ENEM 2011 - (1)





Senhores e senhoritas,

A preparação para a redação do Enem deve ter como ponto de partida a seguinte matriz: “propõe que os alunos reflitam sobre temas diretamente relacionados com o exercício da cidadania”.

Isto significa que você é chamado a refletir sobre temas que constituem desafios para o cidadão. Entretanto, é chamado não só para INFERIR, mas para INTERFERIR.

Senão vejamos:

- 2006: O PODER DA TRANSFORMAÇÃO DA LEITURA.



Exigia-se que o candidato compreendesse a necessidade de romper com uma concepção positivista de leitura e propusesse soluções para que a leitura viesse a constituir foco de interação e transformação social.



- 2007: O DESAFIO DE SE CONVIVER COM A DIFERENÇA


A banca não queria apenas a inferência sobre a importância da inclusão, da valorização do outro, mas, sobretudo, a partir dessa consciência, mostrar ideias de INTERVENÇÃO, isto é, mostrar saídas para essa situação-problema.





Não se esqueça, não é a reflexão pela reflexão. Não é uma prova de a reflexão como um fim em si mesmo. Antes, um refletir que traduza verdadeiras ações sobre o meio soscial.



- 2008: O MEIO AMBIENTE- FLORESTA COMO MÁQUINA DE CHUVA.

Exigia-se que o vestibulando dialogasse com ações capazes de manter essa máquina funcionando. Deveria escolher uma ação, em que apresentasse vantagens e limitações.



- 2009: O INDIVÍDUO FRENTE À ÉTICA SOCIAL.

Mais um tema sobre o qual o candidato deveria reunir argumentos advindos de várias áreas do saber a fim de demonstrar saídas para um tempo em que a ética é alvo de grandes discussões.


- 2010: A QUESTÃO DO TRABALHO E A DESIGUALDADE HUMANA.



Exigia-se que o vestibulando refletisse sobre o paradoxo do trabalho na atualidade: trabalho escravo e formas inovadoras do trabalho na era tecnológica.


Assim sendo, o que se percebe é que são temas que abordam questões de ordem política, econômica, social, cultural e científica. Apresentados como situação-problema, como desafio, para o qual o vestibulando deverá propor soluções, respeitando os direitos humanos.


Torna-se, pois, uma prova dialógica, em que o candidato, por meio do texto escrito, reflete e propõe soluções. O vestibulando precisa não Só INFERIR, mas INTERFERIR, isto é, não só abordar o problema social, mas mostrar reais intervenções em busca de soluções.

O aluno não deve ficar preso à macroestrutura do texto dissertativo-argumentativo. Deve, antes, demonstrar competência reflexiva, que não se resume a repetir ideias estereotipadas. Não deve, de igual modo, esquecer que é uma prova de Competências. Deve tomar os textos de apoio como ponto de partida, mas o ponto de chegada é o texto escrito em conformidade com as 5 competências:

I - domínio da Norma Culta;
II – Conformidade com a tipologia textual: dissertativo-argumentativo;
III- Selecionar fatos, opiniões, exemplos, dados, argumentos que se relacionem com o tema;
IV- Aproveitar elementos de coesão e mecanismos organizadores do texto;
V- proposta de intervenção, articulada com a discussão desenvolvida. A proposta deve garantir unidade como a discussão apresentada.


Até mais!

domingo, 5 de junho de 2011

PRECONCEITO LINGUÍSTICO I



Senhores e senhoritas,


"A omissão é o pecado que se faz não fazendo. Por uma omissão perde-se um aviso, por um aviso perde-se uma ocasião, por uma ocasião perde-se um negócio, por um negócio perde-se um reino" . Pe. Vieira.


Por preconceito linguístico perde-se a beleza da língua!

É longa a discussão sobre variedade linguística. Entretanto, ela está a ser atualizada pelo MEC.

Mau sinal: a corrupção chegou à linguagem? Há, pelo menos, duas tarefas dos professores de língua portuguesa, na atualidade, como definir a língua padrão brasileira e como tratar a variação lingüística.


A discussão sobre gramática na classe está “quente”. Será que os brasileiros sabem gramática? A professora de Português propõe para debate o seguinte texto:

PRA MIM BRINCAR

Não há nada mais gostoso do que o mim sujeito de verbo no infinito. Pra mim brincar. As cariocas que não sabem gramática falam assim. Todos os brasileiros deviam de querer falar como as cariocas que não sabem gramática.
– As palavras mais feias da língua portuguesa são quiçá, alhures e miúde.
(BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. Org: Emanuel de Moraes. 4ª ed. Rio de Janeiro,
José Olympio, 1986. Pág. 19)

Com a orientação da professora e após o debate sobre o texto de Manuel Bandeira, os alunos chegaram à seguinte conclusão:
a) Uma das propostas mais ousadas do Modernismo foi a busca da identidade do povo brasileiro e o registro, no texto literário, da diversidade das falas brasileiras.
b) Apesar de os modernistas registrarem as falas regionais do Brasil, ainda foram preconceituosos em relação às cariocas.
c) A tradição dos valores portugueses foi a pauta temática do movimento modernista.
d) Manuel Bandeira e os modernistas brasileiros exaltaram em seus textos o primitivismo da nação brasileira.
e) Manuel Bandeira considera a diversidade dos falares brasileiros uma agressão à Língua Portuguesa



Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua relação com as pequenas e grandes cidades.

Bicho urbano

Se disser que prefiro morar em Pirapemas
ou em outra qualquer pequena cidade do país
estou mentindo
ainda que lá se possa de manhã
lavar o rosto no orvalho
e o pão preserve aquele branco
sabor de alvorada.
...............................................................................
A natureza me assusta.
Com seus matos sombrios suas águas
Suas aves que são como aparições
me assusta quase tanto quanto
esse abismo
de gases e de estrelas
aberto sob minha cabeça.

(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro:
José Olympio Editora, 1991)

Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.

a) “e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.”
b) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho”
c) “A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas”
d) “suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto”
e) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas”


Até mais.

sábado, 9 de abril de 2011

PÁSCOA 2011


SOBRE A NOSSA LÍNGUA


A PÁSCOA e a Língua Portuguesa


Senhores e senhoritas,


A Língua Portuguesa tem influência de vários povos. É resultado de dialetos e idiomas começando pelo Latim e Grego e agregando palavras do Árabe, Francês, Celtas, Hebraico, Germânica, Hindu e entre outras.


Analisemos a palavra Páscoa. O substantivo pesah/páscoa vem da raiz verbal psh, que aparece no texto bíblico Ex. 12,13,23,27. O substantivo "Páscoa" ligou-se ao sufixo AL. Com ele, formou os adjetivos pascal e pascoal. Essas duas letrinhas aparecem, sobretudo, em adjetivos. Em todos, têm o mesmo significado. Quer dizer relacionado com, pertinente a.


Outrossim, o verbo pasah, passar por cima, carrega o sentido de atravessar, saltar, passar adiante. Refere-se à cultura hebraica. Significa, de igual modo, 'passagem'. Os pastores nômades comemoravam a Páscoa. Cantavam e dançavam pela despedida do inverno e advento da primavera. Na nova estação, a neve se ia. Os campos se cobriam de pastagens. Os alimentos abundavam.


Mais tarde, os judeus começaram a festejar a Páscoa. Lembravam, com sacrifícios, a saída do povo de Israel do Egito. Significava a passagem da escravidão para a liberdade. No livro "Exôdo", a Bíblia conta toda a história da passagem. Vale a pena ler.


Em 325, os cristãos instituíram a Páscoa. Com ela, exaltam a ressurreição de Cristo. Em outras palavras: a passagem da morte para a vida. Para nós, a Páscoa simboliza a morte vicária. Jesus morreu em lugar dos homens. Morreu para salvá-los. Atualmente, a Páscoa é patrimônio cultural do povo brasileiro. Não se esqueça, portanto, de que Páscoa é vida nova. Vamos viver renovando-nos sempre!


Feliz páscoa!


RAPIDINHAS GRAMATICAIS


Como escrever? Momar Kadafi, Muammar Qaddafi, Muammar Gadhafi, Moamar Gaddafi, Moammar Kadhafi… Al- Gathafi, AL-Qadhafi, Al Quathafi, El Gaddafi, Ghaddafy, Kad’afi, Gheddafi... Moamar AL-Gaddafi?


O New York Times escreve Qaddafi. O Washington Post: Gaddafi. Los Angeles Times: Kadafi, com k. No Brasil, a festa é maior.


Quem acertou? Qual deve ser a escrita correta? Todas.


Essa variedade é praticamente inevitável sempre que quisermos transpor para o alfabeto românico (este que estou usando) um nome próprio proveniente de qualquer idioma que utilize um alfabeto diferente, como o hebraico, o grego, o árabe, o chinês entre outros. Esse processo, chamado de transliteração, consiste na tentativa de representar o som original do nome usando apenas as letras do nosso próprio alfabeto. Como se percebe, o resultado nunca será plenamente satisfatório, pois é impossível representar fonemas que nossa língua desconhece. Seja como for, estamos a falar da mesma pessoa. Um senhor de 68 anos, há 42 no poder da Líbia.


Até mais.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

FUVEST 2ª FASE






Senhores e senhoritas








COMO FAZER UMA BOA PROVA ESCRITA:











A primeira recomendação é LER com muita ATENÇÃO os enunciados e entender o que está sendo pedido. Embora essa seja uma recomendação estereotipada, ela é muito útil na segunda fase.





A segunda: é preciso estar atento ao fato de que o examinador, ao ler as suas respostas, terá de entender o que você quis dizer.





Isso pode parecer óbvio, mas na ânsia de responder tudo o que sabe, você não organiza as ideias, e as respostas acabam ficando incompreensíveis.





Uma boa resposta, então, deve ser objetiva e ter começo, meio e fim. Recomendo, pois, que se faça um esquema. Este o ajudará a não se desviar do que é solicitado na questão.




PLANEJE AS SUAS RESPOSTAS ANTES DE COLOCÁ-LAS, EM DEFINITIVO, NO PAPEL.




A terceira: é importante saber distinguir o significado de DEFINIR, COMPARAR, EXPLICAR, DESCREVER E JUSTIFICAR.




ATENÇÃO! Se você definir quando se pede uma justificativa, sua questão provavelmente será anulada.




Fique atento também nas questões que pedem vários itens. Muitas vezes a resposta encontrada no item "a" servirá para que você responda o item "b"...




As questões, de um modo geral, buscam aferir a capacidade do aluno de ler em diferentes níveis.




Enfim, não se esqueça de que uma PROPOSTA DE REDAÇÃO de temática ampla, como faz a FUVEST, exige que o canditato determine o aspecto do qual pretende tratar durante seu jogo expositivo-argumentativo. O RECORTE TEMÁTICO é a delimitação desse aspecto.

FUVEST 2ª FASE

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A REDAÇÃO NA UNICAMP



Senhores e senhoritas,


COMO SERÁ A PROVA DE REDAÇÃO?

Alterando seu formato, a Unicamp introduz novidades no seu vestibular 2011. Vejamos:


1. Até 2010, a prova contava com uma coletânea de textos nos quais o candidato deveria se basear para escrever sua redação. Ele deveria escolher uma dissertação, carta ou narrativa.


2- No novo formato, o aluno deve fazer TRÊS TEXTOS de, no máximo, 24 linhas. Cada proposta é fundamentada num texto-fonte. Uma notícia veiculada num jornal, por exemplo, pode ser fonte para uma entrevista escrita.


3- A Banca não avisará previamente que gêneros textuais solicitará. Serão gêneros que circulam no cotidiano. Sempre dizemos: "recebi um e-mail"; "recebi uma carta"; " li um anúncio"; "li um editorial"; "li uma entrevista" etc.


COMO FAZER UMA BOA REDAÇÃO?


4- Para a produção de um texto eficiente, é fundamental uma leitura cuidadosa dos textos-fonte e das respectivas instruções: O GÊNERO; A SITUAÇÃO DE INTERLOCUÇÃO E OS PROPÓSITOS a serem cumpridos.


5- O BOM TEXTO precisa evidenciar com nitidez a figura do enunciatário (público-alvo) e do enunciador.


6- O texto produzido deve dialogar com o texto-fonte.




Até mais!

domingo, 17 de outubro de 2010

AS QUESTÕES DO ENEM = SITUAÇÕES-PROBLEMA






Senhores e senhoritas,

ENEM: NA RETA.


As questões, ou situações-problema, diferentemente do que ocorre com as provas de vestibulares tradicionais, não são distribuídas por disciplinas. Elas formam um único bloco, evitando, assim o caráter cartesiano, fragmentado.

Dois eixos principais estruturam as situações-problema do exame: a interdisciplinaridade e a contextualização. Isto significa dizer que uma situação-problema dificilmente traz em si apenas o conteúdo de uma disciplina ou área específica. Vejamos:


Questão nº 49, ENEM – 1998.

Você está estudando o abolicionismo no Brasil e ficou perplexo ao ler o seguinte documento:
Texto 1
Discurso do deputado baiano Jerônimo Sodré Pereira - Brasil 1879
No dia 5 de março de 1979, o deputado baiano Jerônimo Sodré Pereira, discursando na Câmara,
afirmou que era preciso que o poder público olhasse para a condição de um milhão de brasileiros,
que jazem ainda no cativeiro. Nessa altura do discurso foi aparteado por um deputado que disse:
“BRASILEIROS, NÃO”.


Em seguida, você tomou conhecimento da existência do Projeto Axé (Bahia), nos seguintes termos:

Texto 2

Na língua africana lorubá, axé significa força mágica. Em Salvador, Bahia, o Projeto Axé conseguiu fazer, em apenas três anos, o que sucessivos governos não foram capazes:
a um custo dez vezes inferior ao de projetos governamentais, ajuda meninos e meninas de rua a construírem projetos de vida, transformando-os de pivetes em cidadãos.
A receita do Axé é simples: competência pedagógica, administração eficiente, respeito pelo menino, incentivo, formação e bons salários para educadores. Criado em 1991 pelo advogado e pedagogo italiano Cesare de Florio La Rocca, o Axé atende hoje a mais de duas mil crianças e adolescentes. A cultura afro, forte presença na Bahia, dá o tom de Projeto Erê (entidade
criança do candomblé), a parte cultural do Axé. Os meninos participam da banda mirim do Olodum, do Ilé Ayê e de outros blocos, jogam capoeira e têm um grupo de teatro.

Todas as atividades são remuneradas. Além da bolsa semanal, as crianças têm
alimentação, uniforme e vale-transporte.


49) Com a leitura dos dois textos você descobriu que a cidadania:
(A) jamais foi negada aos cativos e seus descendentes
(B) foi obtida pelos ex-escravos tão logo a abolição fora decretada
(C) não era incompatível com a escravidão
(D) ainda hoje continua incompleta para milhões de brasileiros
(E) consiste no direito de eleger deputados.

Essa questão bem poderia ser específica da disciplina de História do Brasil, mas, para chegar a sua resolução, mais uma vez o candidato não necessita obrigatoriamente de conhecimentos próprios de tal disciplina.

A situação-problema foi elaborada de forma que no processo de leitura dos dois textos apresentados, o participante poderia alcançar sem maiores problemas a resposta adequada.

O texto1, que faz parte do discurso de um deputado baiano de 1879, alude à condição de negros escravos, chamados pelo parlamentar de “um milhão de brasileiros, que jazem ainda no cativeiro”. O texto 2, por sua vez, informa sobre o Projeto Axé, na Bahia, as características e finalidades desse programa de assistência a crianças e adolescentes.
A partir da leitura dos textos, cobra-se do participante algo relacionado à cidadania no Brasil.

Em relação à alternativa D, segundo a qual a cidadania “ainda hoje continua incompleta para milhões de brasileiros”, o leitor, após a leitura dos textos, que possuem um confronto temporal (falam de séculos diferentes), poderá chegar à conclusão de que o Projeto Axé na Bahia é uma forma de resgatar a cidadania desses milhões de brasileiros cativos citados no texto que expõe o discurso do deputado baiano. Nesse caso, o leitor usa como estratégia a metacognição, fazendo uma comparação entre os dois textos, para perceber sua continuidade temática: a falta de cidadania a uma parcela significativa da população brasileira.
Até mais!




domingo, 10 de outubro de 2010

HOJE, DIA ESPECIAL: MIRTES; ANA OLÍVIA; Sr. PEDRO e...


Vocês foram criados para se tornarem semelhantes a CRISTO!

DEIXEM QUE AS RAÍZES DE VOCÊS SE APROFUNDEM EM CRISTO E EXTRAIAM NELE A NUTRIÇÃO. CUIDEM DE CONTINUAR A CRESCER NO SENHOR, E TORNEM-SE FORTES E VIGOROSOS NA VERDADE.

Um abraço e felicidades a todos os que fazem do 10/10/2010 um Dia Especial.

10/10/2010 !

terça-feira, 7 de setembro de 2010

MACHADO DE ASSIS E A INDEPENDÊNCIA






Senhores e senhoritas,





A chuva e o vento me amarraram um pouco mais na cama. Agora, livre das amarras do destino, estou a pensar com Machado de Assis. Deparo-me com a comemoração da Independência. Recorda-me o primeiro encontro de Brás e Marcela. Justamente em 1822, durante as comemorações da independência.Vejamo-lo:




Capítulo XIV - a cena - "O primeiro beijo". Brás e Marcela se encontram "Vi-a no Rocio Grande, na noite das luminárias logo que constou a declaração da Independência, uma festa de primavera, uma amanhecer da alma pública ...teve duas fases a nossa paixão..."




Ora, como sabemos, Machado adora jogar luz irônica sobre os acontecimentos.




Depois do amor, a dívida. A separação de Brás e Marcela pode ser a alegoria entre Brasil e Portugal. Para tirar Brás de Marcela vieram o Pai de Brás e o clero. O acelerado processo de separação tornou-se resultado da ação de uma classe economicamente ameaçada. A situação entre os amantes tomava sérios contornos, exigindo rápida e eficiente intervenção, visto que começava a doer-lhe os bolsos.




Na Independência
"inclinou diante de mim a fronte pensativa, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas porém a que me cativou logo...foi uma dama...Marcela, a linda Marcela..."




Sim, para uma reflexão sobre a Independência, é pouco; mas para matar o tempo, sobra. Que a independência nos convida a pensar na Marcela...Sim.


Até mais!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

MACHADO DE ASSIS E JOSÉ SERRA



Senhores e senhoritas,


Fico a pensar com Machado de Assis em tempos de eleições.




Machado sempre nos convida a pensar....pensar....em....José Serra...por quê?




Ora, deixemos o próprio Machado:




"Eram ínfimos, durante a convalescença da derrota; mas os dias passam, o desgosto amortece, a ambição perde as penas, e os 37 votos ficaram sendo um título, uma recordação, uma espécie de aura eleitoral" UM AMBICIOSO - RELÍQUIAS DA CASA VELHA.



"AO VENCIDO, ÓDIO OU COMPAIXÃO; AO VENCEDOR, AS BATATAS"

-Quincas Borba, cap.VI


domingo, 20 de junho de 2010

MACHADO DE ASSIS E A MORTE DE JOSÉ SARAMAGO



Senhores e senhoritas ,



MACHADO DE ASSIS

FALA  SOBRE  A

 MORTE DE


José Saramago .


"Nem era Morrer ;
UM era gesto de
chapéu ,
 Um cochilo..."
(Relíquias da Casa Velha )


"Ésquilo já no tempo Seu perguntava se o Que Chamamos MORTE Não Seria pingos VIDA. É provável que A Hora ESTA tenha Tido Resposta"

(Revista de Teatros , 11 de setembro de 1859)




SARAMAGO : José Saramago , 87 anos, Único escritor de língua portuguesa uma Quem foi do atribuído o Prémio Nobel da Literatura, Along Morreu NA NA SUA casa da ilha de Lanzarote, com Onde habitava uma terceira mulher , Pilar del Rio, Desde Que se auto- exilara de Portugal , em 1993, Depois do Governo português riscar o Seu Nome da Lista dos candidatos Oficiais AO Prémio Literário Europeu .

Seu romance O Último publicado em vida , Caim , Foi Escrito em Quatro Meses . Poucas semanas pingos da SUA saida, em Outubro de 2009, o escritor anunciou Que ia deixar de mensagens não Publicar blogue ( Intervenção Pública a quê entretanto aderira ) PORQUE Outro livro e começara Queria dedicar- LHE todo o Seu tempo . Como se uma " Espécie de transe "o continuasse Possuir um .

SUAS PALAVRAS DERRADEIRAS:

"A MORTE PARA QUE SERVE POSSAMOS VIVER A Continuar "

" QUANDO UM MORRE Escritor , É UM MUNDO QUE Desaparece "


Mais Até !




sexta-feira, 4 de junho de 2010

A ARTE DE ESCREVER - RUMINAR I -

Senhores
  e  senhoritas,

















O  ATO  DE  ESCREVER  NÃO  DEVE  SER  UM  ATO  SOLITÁRIO. ANTES, DEVE  SER  ENTENDIDO DA  MESMA  FORMA  QUE  SE  DEFINE  O  ATO  DE  PENSAR



1- A  primeira  aula de metodologia  na  Faculdade  de  Filosofia  Nossa  Senhora  Medianeira, ministrada pelo professor  Mário Sérgio Cortella,  oferecia-nos  a  seguinte  proposição: COMO  É  POSSÍVEL PENSAR POR  MEIO  DO  JÁ PENSADO?
Eu  era  um  adolescente  sempre  perturbado  com  o  problema  da  escrita  e  do  pensamento. Permaneci  em silêncio dominicano. O  riso  do  professor  invadia  a   paz  dos  alunos. E  vinha  outra  manifestação: ONDE  SE  ENCONTRA  O  OBJETO  QUE  VOCÊ  PROCURA?

2- Deixemos  o  passado. Miremos  o  vestibular  e a  necessidade  de  escrever bem. A  nossa  tese  é  a  de  que  o  ato  de  escrever  se  aproxima  do  ato  de  pensar. Mas  como  devemos pensar?

3-  Pensar  o  que  outros  já  pensaram  constitui  a  ação  de    REPENSAR.  Repensar  é  sempre  pensar. O  pensar  é  um  ato  que se  fortalece  na  interação.

4- Conforme   Kierkegaard,  não  há   verdade  verdadeira que não seja "subjetiva", isto é,  "devorada  canibalmente". Então,  meu aluno, deve  entrar  em  contato  com  o  pensamento  de  bons  autores  a  fim  de  apropriar-se  deles.
"Ao lermos  Platão  ou  Descartes,  pensamos  nós  mesmos como  Platão  ou  Descartes. Pensamos  não  apenas  por  eles,  mas  neles -  pensamos  simplesmente.  É  preciso  conhecer, mas  para  pensar, e não conhecer  por  conhecer. Ao  fim  e  ao  cabo,  é  preciso que  o  pensamento  repensado  seja  integralmente digerido, comido, integrado. É  a  isso que  Nietzsche  nos  convida  quando  lamenta  que  tenhamos  perdido  a  faculdade  conservada pelas  vacas:  a  de  ruminar"

5- Dessa  forma,  a  arte  de  escrever  deve  ser  entendida como  ensina  Harold Bloom, isto  é,  a  grande  escrita  é  sempre  reescrita. Para  isso,  devemos  nos  convencer  da  necessidade  de  conhecer  os  mais  diversos  gêneros  textuais (carta, bilhete, conto, fábula, crônica, ensaio, dissertação, poema, receita, bula, descrições, narrações, sermões, discursos...), apreender  sua  estrutura  íntima, identificar  o modo como foram  realizados e, finalmente,  ruminar, incorporar esse  modelo para  a  nossa  maneira  de  escrever.

6-  Escrever  não  é  um  ato  vazio, isolado  e  irrefletido. Então  siga  as  pegadas. Quem  procura, acha.


Até mais!





quarta-feira, 21 de abril de 2010

TIRADENTES E MACHADO DE ASSIS







Senhores  e  senhoritas,
hoje é  feriado,  dia  de  leitura.  Então,

TIRADENTES E 21 DE ABRIL


Na quarta-feira, dia 21 de abril, acordei cedo, como de costume, bebi o café que eu mesmo preparei, e dei-me ao gosto de propor a mim mesmo uma reflexão. Tiradentes e a inconfidência. Esta palavra veio do latim confidentia, confiança. O prefixo in traz o sentido de negação, ato de trair. Outro termo, mais rude, suscita a sensação de dor, arrancar, puxar, tirar, esquartejar. Tudo pede certa elevação. É certo que vivemos a era das verdades esquartejadas, não menos certo, porém, é certeza de que cada uma de nossas verdades deve ter um mártir.

Machado de Assis, apesar do ceticismo, não economizou elogios a Tiradentes desde 1860, sobretudo na questão da inauguração da estátua equestre de d. Pedro I na praça do Rocio (agora praça Tiradentes), no Rio de Janeiro. Ora, no lugar onde o mártir fora enforcado, o governo imperial erguia uma estátua ao neto da rainha, responsável pela condenação do alferes. Na crônica de 1 DE ABRIL DE 1862, publicada no Diário do Rio de Janeiro, quando se comemorava a estátua, o cronista escrevia “Está inaugurada a estátua equestre do primeiro imperador. Os que a consideram como saldo de uma dívida nacional nadam hoje em júbilo e satisfação. Os que, inquirindo a história, negam a esse bronze o caráter de uma legítima memória, filha da vontade nacional e do dever da posteridade, esses reconhecem-se vencidos, e, como o filósofo antigo, querem apanhar mas serem ouvidos. O historiador futuro que quiser tirar dos debates da imprensa os elementos do seu estudo da história do império, há de vacilar sobre a expressão da memória que hoje domina a praça do Rocio.”

A crônica de 25 de abril de 1865, o cronista volta a se referir a Tiradentes “Os povos devem ter os seus santos. Aquele que os tem merece o respeito da história, e está armado para a batalha do futuro. Também o Brasil os tem e os venera; mas, para que a gratidão nacional assuma um caráter justo e solene, é preciso que não esqueça uns em proveito de outros; é preciso que todo aquele que tiver direito à santificação da história não se perca nas sombras da memória do povo. É uma grande data 7 de setembro. Mas a justiça e a gratidão pedem que, ao lado do dia 7 de setembro, se venere o dia 21 de abril. E quem se lembra do dia 21 de abril? Qual é a cerimônia, a manifestação pública? Entretanto, foi nesse dia que, por sentença acordada entre os da alçada, o carrasco enforcou no Rocio, junto à rua dos Ciganos, o patriota Joaquim José da Silva Xavier, alcunhado o Tiradentes.”

A última série de crônicas da vida de Machado de Assis, A Semana, teve início na semana seguinte ao “dia de Tiradentes”, ano do centenário da morte do inconfidente, 1892. Vejamo-lo “O instinto popular, de acordo com o exame da razão, fez da figura do alferes Xavier o principal dos Inconfidentes, e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecados de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto que pagou por todos.”

Em 1893, cronista volta a dar o tom sobre o mártir “Na sexta-feira, pelas seis horas da manhã, ouvi tiros de artilharia. Ou é a salva de Tiradentes, disse à família, ou é a revolução que venceu. Saí à rua; era a salva. Perguntei pelos mortos. Que mortos? Pelos acontecimentos. Que acontecimentos? Nada houvera; toda a cidade vivera em paz. Assim se desvaneceram os sustos, filhos de boatos, filhos da imaginação. Assim se desvaneçam todos os demais ovos do marido de La Fontaine. Só um fato se havia dado, como disse, o do coreto. Fui à praça ver os destroços, mas já não vi nada; achei a estátua e curiosos. Desandei, atravessei o largo de S. Francisco e desci pela rua do Ouvidor, ao encontro do préstito de Tiradentes. Soube que já não havia préstito. Era pena; esta cidade tem, para Tiradentes, não só a dívida geral da glorificação, como precursor da independência e mártir da liberdade, mas ainda a dívida particular do resgate.”

Enfim, o tempo urgia a findar tal reflexão; a manhã já me abandonava; ouvia o ruído dos automóveis; o movimento de nossa época, indiferente ao herói do passado. Lembrou-me Alcebíades que seguia Sócrates, sem capacidade e sem disposição para mudar sua vida, mas perturbado, enriquecido e cheio de amor. Algumas vidas são exemplares, outras não; e entre as vidas exemplares há as que nos convidam a imitá-las, e outras que miramos à distância com uma mistura de medo e reverência, do latim reverentia, originalmente designando temor respeitoso diante das coisas sagradas, mas hoje...




domingo, 11 de abril de 2010

AS POSSIBILIDADES DA NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA

Senhores  e  senhoritas,

Analisemos, neste  domingo,  as  possibilidades  da  nossa  Língua.







- O MODO DE DIZER DO POBRE E  DO  RICO!!



1- O rico é inconveniente, incômodo, cansativo

O pobre é chato, enchedor de saco, pentelho



2- Ricos trocam afagos

Pobres trocam amassos



3- O rico provoca uma desordem

O pobre faz uma bagunça



4- O rico agita o leque

O pobre sacode o abano



5- O rico lança por terra

O pobre joga no chão



6- O rico dá um desconto

O pobre tira uns trocados



7- O rico está deprimido

O pobre está capiongo



8- O rico está desalentado

O pobre está de crista caída



9- O rico fica deprimido

O pobre cai na fossa



10- Segredo de rico está oculto, abscôndito

Segredo de pobre está debaixo dos panos



11- Refeição de rico é comida

Refeição de pobre é gororoba



12- O rico tem cognome, pseudônimo

O pobre tem apelido, nome de guerra



13- O rico se rende

O pobre baixa a crista



14- O rico é delator

O pobre é dedo-duro



15- O rico vem em pessoa

O pobre vem em carne e osso



16- O rico supera a crise

O pobre sai do sufoco



17- O rico sai discretamente

O pobre sai de fininho



18- O rico arrisca

O pobre faz uma fezinha



19- O rico penhora a joia

O pobre bota a jóia no prego



20- O rico está debilitado em extremo

O pobre não aguenta uma gata pelo rabo



21- O rico se altera

O pobre fica puto



22- O rico investe com denodo

O pobre bota para quebrar



23- O rico tem suas economias

O pobre tem seu pé-de-meia



24- O rico é muito trabalhador

O pobre é pé-de-boi



25- O rico é polivalente

O pobre é pau para toda obra



26- O rico abandona os negócios

O pobre chuta o pau-da-barraca



27- O rico fica ancilosado

O pobre fica encaranguejado



28- Plano de rico falha, malogra

Plano de pobre vai para a cucuia, para o beleléu



29- O rico está inquieto

O pobre está com o diabo no couro



30- O rico é extravagante

O pobre é acavalado



31- O rico une-se em matrimônio

O pobre junta os trapos



32- O rico é acéfalo

O pobre é burro



33- O rico assume a defesa

O pobre compra a briga



34- O rico fica melancólico

O pobre fica jururu



35- O rico ataca

O pobre cai em cima



36- O rico fica retraído

O pobre fica encorujado



37- O rico é acriançado

O pobre é bocó



38- O rico é esquivo

O pobre é bicho-do-mato



39- O rico se enfurece

O pobre vira bicho



40- O rico dispensa

O pobre deixa para lá



41- O rico tolera, admite

O pobre deixa passar, deixa correr



42- O rico faz exclusão

O pobre deixa de fora



43- O rico dissimula

O pobre faz vista grossa



44- O rico faz ameaça

O pobre mostra os dentes



45- O rico volta depauperado

O pobre volta com a língua de fora



46- O rico deplora

O pobre abre o berreiro



47-O rico fica sem dinheiro

O pobre fica depenado



48- O rico está financeiramente liquidado

O pobre está pelado, está na dependura



49- O rico fica despido

O pobre fica pelado



50 - O rico muda de repente

O pobre muda do dia para a noite



51- O rico foge num instante

O pobre foge enquanto o diabo esfrega um olho



52- O rico conversa, dialoga

O pobre bate papo, leva um lero



53- O rico tem um desentendimento

O pobre tem um arranca -rabo, arranca -toco



54- O rico elimina a testemunha

O pobre queima o arquivo



55- O rico toma um drinque

O pobre toma uma truaca



56- Descanso de rico é repouso

Descanso de pobre é deforete



57- O rico é granfino, vaidoso

O pobre é metido a sebo, metido a besta



58-O rico é descontraído

O pobre é sebite



59- Pele de rico tem oleosidade

Pele de pobre tem sebo



60- Braço de rico tem axila

Braço de pobre tem sovaco



61- Suor de rico é transpiração

suor de pobre é sovaqueira



62- O rico ganha uma insignificância

O pobre ganha uma merreca



63- O rico fica indeciso

O pobre fica abestado



64-O rico trabalha

O pobre dá duro



65- Caldo de rico é consomê

Caldo de pobre é canja



66- O rico vacila

O pobre dá bobeira



67- O rico está inspirado

O pobre está com a cachorra



68- O rico é autista, esquizofrênico

O pobre é doido, pirado, abilolado



69- O rico é abstêmio

O pobre é careta



70- O rico é conservador

O pobre é quadrado



71- Bens antigos de rico são antiguidades

Bens antigos de pobre são velharias



72- Descuido de rico é abstração

Descuido de pobre é bobeira



73- O rico é loquaz

O pobre é falador



74- Rico que não paga é inadimplente

Pobre que não paga é  picareta



75- O rico é impotente

O pobre é brocha



76- O rico põe os olhos

O pobre mete as botucas



77-  O rico está desmotivado

O pobre está sem tesão



78- O rico está obstinado

O pobre é cabeça-dura



79- O rico sonha, fantasia, faz castelos

O pobre viaja na maionese, delira no ki-suco



80- O rico amola

O pobre enche o saco



81- O rico bajula

O pobre puxa o saco



82- O rico é inconveniente

O pobre dá no saco, pentelha



83- O rico fica aborrecido

O pobre fica de saco cheio



84-O rico é vilão

O pobre é 171


85- O rico tem rosto largo

O pobre tem cara de bolacha



86- O rico estimula os ânimos

O pobre bota lenha na fogueira



87- O rico confessa

O pobre solta a língua



88-O rico não diz o que pensa, o que sabe

O pobre fica na moita



89- O rico trai a mulher

O pobre bota chifre



90- O rico é traído

O pobre é chifrado



91- O rico faz um superesforço

O pobre corta um dobrado



92- O rico fala demais

O pobre fala pelos cotovelos



93- O rico tem rugas

O pobre tem pregas



94- O rico é contumaz

O pobre é cabeçudo



95- O rico é jactancioso

O pobre é papo-furado



96- O rico fica lívido, pálido

O pobre perde a cor



97- O rico fica ruborizado

O pobre muda de cor



98- Sobra de rico é resíduo

Sobra de pobre é resto



99- O rico está em situação relevante

O pobre está na crista da onda



100 -O rico está suspeitando de alguma coisa

O pobre está com a pulga atrás da orelha



101- O rico acelera

O pobre pisa fundo



102-O rico desorganiza-se

O pobre desgringola



103- O rico se deixa envolver

O pobre vai no arrastão, vai na onda



104- O rico faz grande sucesso

O pobre arrebenta a boca do balão



105- O rico pede arrego

O pobre pede o penico



106- O rico tenta aproximação amorosa

O pobre paquera, arrasta a asa



107- O rico enfeza-se

O pobre sai vendendo azeite



108- O rico é preparado

O pobre é cabeça feita



109- O rico deixa a casa desarrumada

O pobre deixa a casa de pernas para o alto



110- O rico é mal-acabado

O pobre é feito nas coxas



111- O rico fica violento, colérico

O pobre fica uma fera, uma arara



112- O  rico é avarento

O pobre é unha-de-fome



113- O rico diligencia

O pobre anda, vira, mexe



114- O rico é pouco inteligente

O pobre é uma anta, uma mula, um camelo

ENFIM,
A linguagem reflete o ambiente social em que um e outro se colocam. A presença de um termo em território que não lhe é próprio pode soar como fato estranho e desagradável.
 
Até mais!

sábado, 27 de março de 2010

A ARTE DA PALAVRA À MANEIRA DE MACHADO DE ASSIS

Senhores  e  senhoritas,

A  ARTE DA  PALAVRA  implica  apaixonar-se pelas palavras. O crítico literário Harold Blom  explica que a  grande escrita  é  sempre  reescrita, isto é,  um bom texto  sempre  precisa ser  reescrito. O  poeta  francês Paul Valéry  dizia que  os  deuses nos dão  o primeiro verso, mas que o restante do poema nós mesmos temos que  encontrar. Aproveite  a  crônica  machadiana a  fim  de  elevar o manancial da escrita.


Machado de Assis: 12/03/1893

QUE CUIDAM que me ficou dos últimos acontecimentos Amazonas? Um verbo: desaclamar-se. Está em um dos telegramas do Pará e refere-se ao cidadão que, por algumas horas, estivera com o poder nas mãos. "Tendo em ofício participado a sua aclamação marcado o prazo de 12 horas para a retirada do governador, de clamou-se em seguida por outro ofício. . ."

Pode ser (tudo é possível) que o intuito da palavra fosse ante gracejar com a ação; mas as palavras, com os livros, têm os seus fados, e os desta serão prósperos. É uma porta aberta para as restituições políticas. Resignar, como abdicar, exprime a entrega de um poder legítimo, que o uso tornou pesado, ou os acontecimentos fizeram caduco. Mas, como se há de exprimir a restituição do poder que a aclamação de alguns entregou por horas a alguém? Desaclamar-se. Não vejo outro modo.

Mérimée confessou um dia que da história só dava apreço às anedotas. Eu nem às anedotas. Contento-me com palavras. Palavra brotada no calor do debate, ou composta por estudo, filha da necessidade, oriunda do amor ao requinte, obra do acaso, qualquer que seja a sua certidão de batismo, eis o que me interessa na história dos homens. Desta maneira fico abaixo do outro, que só curava de anedotas. Sim, meus amigos, nunca me vereis vencido por ninguém. Alta ou baixa que seja uma idéia, acreditei que tenho outra mais alta ou mais baixa. Assim o autor da Crônica de Carlos IX dava Tucídides por umas memórias autênticas de Aspásia ou de um escravo de Péricles. Eu dou as memórias deste escravo pela notícia da palavra que Péricles aplicava, em particular, aos cacetes e amoladores de seu tempo.

Que valem, por exemplo, todas as lutas do nosso velho parlamentarismo, em comparação com esta palavra: inverdade? Inverdade é o mesmo que mentira, mas mentira de luva de pelica. Vede bem a diferença. Mentira só, nua e crua, dada na bochecha, dói. Inverdade, embora dita com energia, não obriga a ir aos queixos da pessoa que a profere. — "Perdoe-me V. Ex.a, mas o que acaba de dizer é uma inverdade; nunca o presidente da Paraíba afirmou tal cousa." — "Inverdade é a sua; desculpe-me que lhe diga em boa amizade; V. Ex.a neste negócio tem espalhado as maiores inverdades possíveis! para não ir mais longe, o crime atribuído ao redator do Imparcial. . . " — "São pontos de vista; peço a palavra."

Parece que inexatidão bastava ao caso; mas é preciso atender ao uso das palavras. Não cansam só as línguas que as dizem; elas próprias gastam-se. Quando menos, adoecem. A anemia é um dos seus males freqüentes; o esfalfamento é outro. Só um longo repouso as pode restituir ao que eram, e torná-las prestáveis.

Não achei a certidão de batismo da inverdade; pode ser até que nem se batizasse. Não nasceu do povo, isso creio. Entretanto, esta moça, pode ainda casar, conceber e aumentar a família do léxicon. Ouso até afirmar que há nela alguns sinais de pessoa que está de esperanças. E o filho é macho; e há de chamar-se inverdadeiro. Não se achará melhor eufemismo de mentiroso; é ainda mais doce que sua mãe, posto que seja feio de cara; mas quem vê cara, não vê corações.

Vi muitos outros viventes de igual condição, que mereceriam algumas linhas; mas o tempo urge, e fica para outra vez. Nem há só viventes separados; tenho visto irmãos, fileira de irmãos, saídos da mesma coxa ou do mesmo útero, com o nome de uma só família apenas diferençado pelo Sufixo, cuja significação não alcanço. Um exemplo, e despeço-me.

A chefia, e particularmente a chefia de polícia, é uma dona robusta, de grandes predicados e alto poder. Supus por muitos anos que era filha única do velho chefe; mas os tempos me foram mostrando que não. Tem irmãs, tem irmãos, tem chefação, pessoa de igual ou maior força, porque a desinência é mais enérgica. Tem chefança. Vi muitas vezes esta outra senhora, à frente da polícia ou de um partido, disputar às irmãs o domínio exclusivo, sem alcançar mais que comparti-lo com elas. Vi ainda a nobre chefatitra, tão válida e tão ambiciosa como as outras. Dos irmãos só conheço o esbelto chefiado, que, alegando o sexo, pretendeu sempre a chefança, a chefatura, a chefação ou a chefia da família.

Parece que, à semelhança dos filhos de Jacó, invejosos de José, que era particularmente amado do pai, os filhos e filhas do velho chefe, verido a predileção deste pela linda chefia, cuidaram de a matar. Estavam prestes a fazê-lo, quando surgiu a idéia de a meter na cisterna, e dizê-la morta por uma fera, como na Escritura; mas a vinda dos mesmos israelitas, com os seus camelos, carregados de mirra e aromas ...

Velha imaginação, onde vais tu, pelos caminhos do sonho? Deixa os camelos e a sua carga, deixa o Egito, fecha as asas, abre os olhos, desce; esta é a Rua do Ouvidor, onde não se mata José nem chefia; mas unicamente o tempo, esse bom e mau amigo, que não tem pai, nem mãe, nem irmãos, e domina todo este mundo, desde antes de Jacó até Deus sabe quando.

Para crônica, é pouco; mas para matar o tempo, sobra.

Até mais!