Senhores e senhoritas,
Fala-se em "polissemia" a propósito dos diferentes sentidos de uma mesma palavra. Ela se opõe à homonímia: para que haja polissemia, é preciso que haja uma só palavra; para que haja homonímia, é preciso que haja mais de uma palavra.
Além das palavras, a polissemia afeta a maioria das construções gramaticais: um bom exemplo é o chamado "aumentativo" dos nomes: se pensarmos nas razões pelas quais alguém poderia ser chamado de RICARDÃO, em vez de RICARDO, encontraremos explicações como "porque é alto", "porque é grande", "porque é um grosseiro", "porque é desajeitado" e até mesmo "porque é uma pessoa com quem todos se sentem à vontade". Normalmente é difícil dizer até que ponto vale cada uma dessas explicações. Da idéia de tamanho passa-se à idéia de um certo modo de ser e de relacionar-se.
VEJA:
É possível dizer, em português brasileiro, "cabeça de alfinete, cabeça de dedo (em algumas regiões), cabeça de um prego, cabeça de alho..." O que há, em comum, entre esses usos da palavra "cabeça"?
FAÇA o mesmo raciocínio para estas outras palavras:
xadrez (jogo); xadrez (tecido); xadrez (carceragem).
cebolinha (legume); cebolinha (peça do motor do automóvel)
gravata (golpe de luta livre); gravata (peça de roupa).
É certo que achar as coisas boas ou ruins depende de quem acha; não menos certo é que depende também do que queremos fazer com elas. Pense na seguinte situação, e responda à pergunta:
SITUAÇÃO:
1. você vai ao baile de formatura.
2. você vai passear na praia.
3. você vai a um churrasco e sabe que o dono da casa, um folgado, vai encarregá-lo de tomar conta da churrasqueira.
4. você vai fazer inscrição no primeiro ano de faculdade, e sabe que os veteranos vão aplicar-lhe um trote.
O QUE VEM A SER UMA BOA ROUPA?
Enfim, tente imaginar o maior número possível de sentidos diferentes com que alguém poderia dizer cada uma destas frases:
"Fiz um provão!"
"É um mulherão"
"Esta é a minha casinha"
"Puxa, que carrão!"
"Foi um golaço!"