Senhores e senhoritas,
O movimento em torno do 'politicamente correto' atinge não só a linguagem, mas a variados campos da prática social. É certo que a luta em torno do ser 'politicamente correto' serviu de combate ao racismo, ao machismo e até a diversos tipos de "doenças", como, lepra, aids e, agora, gripe suína.
Não menos certo é o teor crítico que vê reducionismo na crença de que a simples troca de palavras maarcadas por palavras não marcadas ideologicamente possa produzir a diminuição de preconceitos.
Bakhtin(1929) afirma que o signo não reflete, mas refrata a realidade, tornando-se, dessa forma, palco da luta de classes. É por isso que vemos, atualmente, a disputa pelo sentido de certas palavras. Há grupos econômicos organizados em torno dos sentidos das palavras e lutam para que alguns sentidos sejam vitoriosos e, outros, eliminados.
É o caso da GRIPE SUÍNA OU MEXICANA OU H1 OU .....
Quando foi publicada a notícia da gripe suína o medo se espalhou. A própria palavra se encarregou de espalhar medo e aversão. O vice-ministro de ISRAEL, Yakov Litzman, solicitou que evitassem espalhar o termo GRIPE SUÍNA a fim de que o preconceito também não invadisse fronteiras. Pois bem, chamá-lá-emos GRIPE MEXICANA. Ora, a Confederação de Suinicultores Mexicanos logo entendeu que o conceito afetaria seus negócios. Então, o medo passou a ficar mais forte. A palavra coloca mais medo do que o sintoma.
Dessa forma, temos GRIPE SUÍNA, GRIPE MEXICANA, GRIPE A(H1N1), GRIPE A, e, atualmente, GRIPE H1N1. São 5 termos para uma mesma doença. Como diz o macaco simão, "é mole!"
Percebem, meus alunos, que há mais coisa entre o céu e a terra!
Até mais!