sábado, 5 de setembro de 2009

UM POUCO SOBRE PONTUAÇÃO: O NOVO ENEM - IV



Senhores e senhoritas,


UM POUCO SOBRE PONTUAÇÃO

Além da ordem dos termos, a pontuação é fundamental para que o efeito do sentido se faça coerentemente compreensível. Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase. É governar bem as rédeas da frase.


Os “sinais de pontuação” são marcas
constitutivas do sentido?

VEJAM:

Irás voltarás não morrerás

Dependendo do sentido que se quer dar, ocorre a pontuação.

Irás. Voltarás. Não morrerás.
Irás. Voltarás? Não. Morrerás.


Os pontos e vírgulas determinam o sentido das palavras, e variados os pontos e vírgulas, também o sentido se varia. É bom que se note: as palavras formam o significado; os pontos e vírgulas determinam o sentido.

Exemplo: Surrexit, non est hic. Ressuscitou, não está aqui. Assim, diz o evangelho que Cristo ressuscitou. Todavia, Surrexit? Non. Est hic. Ressuscitou? Não. Está aqui.

Ora, se a mudança de um ponto e de uma vírgula pode trazer tantos problemas e danos, que seria se mudassem palavras? Que seria se se diminuíssem palavras? Que seria se se acrescentassem palavras?


PENSANDO SOBRE PONTUAÇÃO PARA ALÉM DE SINAIS
GRÁFICOS.


Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu assim:

"Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres."


Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava a fortuna? Eram quatro concorrentes.


1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.


2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.


3) O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.


4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.


Cidadezinha Qualquer
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar ... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

Em “Cidadezinha Qualquer”, Carlos Drummond de Andrade utiliza a pontuação com finalidade expressiva.
Na primeira estrofe, há um único sinal de pontuação: o ponto final, no fim da estrofe. Os sintagmas “casas entre bananeiras”, “mulheres entre laranjeiras”, “pomar”, “amor” e “cantar”, que, segundo a gramática, deveriam estar separados por vírgula, pelo fato de serem elementos de uma enumeração, dado o efeito pretendido por meio da organização descritiva da referida estrofe, tal uso não se verifica.
Essa “desobediência” gramatical deve certamente estar relacionada a uma questão de conteúdo, e efetivamente está: a apresentação da cena como um todo; um retrato em que os elementos estão proximamente dispostos, constituindo uma unidade de forma e de sentido.


Na segunda estrofe, cada um dos três períodos, que constituem os versos, apresenta um ponto final. Tal procedimento remete ao fato de cada cena ocorrer a seu tempo, em separado, o que leva à associação com o ritmo lento da vida da cidade.


Na última, o conteúdo semântico do sintagma “devagar” amplia-se com uso de reticências logo a seguir. O olhar das janelas é, dessa maneira, mais vagaroso do que a caminhada do homem, do cachorro ou do burro.




Vejam agora a campanha dos 100 anos da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).

Vírgula pode ser uma pausa… ou não.

Não, espere.

Não espere.


Ela pode sumir com seu dinheiro.

R$ 23,4.

R$ 2,34.


Pode ser autoritária.

Aceito, obrigado.

Aceito obrigado.


Pode criar heróis.

Isso só, ele resolve.

Isso só ele resolve.


E vilões.

Esse, juiz, é corrupto.

Esse juiz é corrupto.


Ela pode ser a solução.

Vamos perder, nada foi resolvido.

Vamos perder nada, foi resolvido.


A vírgula muda uma opinião.

Não queremos saber.

Não, queremos saber.

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Se você for mulher, certamente colocará a vírgula depois de MULHER.

Se você for homem, colocará a vírgula depois de TEM?


EXERCÍCIOS:


Nas frases abaixo, coloque vírgula (s) onde convier:
1. Voltaram todos cansados molhados famintos e desapontados.
2. No verão de 74 fomos à praia à serra e ao campo.
3. Os ideais da Revolução Francesa eram Liberdade Igualdade e Fraternidade.
4. As seis maiores cidades brasileiras são Rio de Janeiro São Paulo, Salvador Belo
Horizonte Recife e Porto Alegre.
5. Até que Rex estivesse banhado seco escovado e perfumado a vizinhança toda tinha
aparecido para ver o que estava acontecendo.
6. Os meliantes forçaram a porta da loja penetraram no seu interior dirigiram-se à seção de
moda masculina e ali roubaram todo o estoque de pijamas de seda.
7. Pelos campos pelos bosques por sobre as árvores acima do canto dos pássaros acima
aos silvos do vento ouvia-se o apito da locomotiva.
8. Depois de ordenhar as vacas recolher os ovos no galinheiro trocar a água dos pintos e
alimentar os porcos eu comecei a sentir saudades da cidade.
9. Detestava a ciência porque a considerava apenas como um meio de facilitar o fabrico de
aviões bombas gases e artefatos para a destruição de seus semelhantes.
10. Os diretores reuniram-se para apreciar a situação financeira do clube decidir sobre a
entrada de novos sócios planejar o Carnaval e marcar a data do início da temporada da
piscina.



Divida cada uma das frases abaixo nas orações que a compõem, separando-as por vírgula, quando convier:
1. É melhor pedirmos desculpas ou ela não voltará a falar conosco.
2.Os dias passavam e o pé de laranja-lima ia de mal a pior.
3. Não é fácil pegar o ônibus das 12h pois o sinal para sair toca exatamente ao meio-dia.


ATÉ MAIS!