quinta-feira, 21 de julho de 2016

RETA ENEM II - TEMAS POLÍTICO-SOCIAIS

  

Viver em sociedade: anseios e desafios” -  
Aristóteles, Hobbes e Rousseau. Afastados no tempo, os três têm em comum a preocupação de refletir sobre o convívio social, sobre meios para tornar menos conflituosa a vida em agrupamentos humanos. A preocupação, pois, envolve o próprio homem. Seria ele o “animal cívico” de Aristóteles? O “lobo do homem” de Hobbes? O “bom selvagem” de Rousseau?

1-       “Política”- Aristóteles
(...) o homem é um animal cívico, mais social do que as abelhas e os outros animais que vivem juntos. A natureza, que nada faz em vão, concedeu apenas a ele o dom da palavra, que não devemos confundir com os sons da voz. Estes são apenas a expressão de sensações agradáveis ou desagradáveis, de que os outros animais são, como nós, capazes. A natureza deu-lhes um órgão limitado a este único efeito; nós, porém, temos a mais, senão o conhecimento desenvolvido, pelo menos o sentimento obscuro do bem e do mal, do útil e do nocivo, do justo e do injusto, objetos para a manifestação dos quais nos foi principalmente dado o órgão da fala. Este comércio da palavra é o laço de toda sociedade doméstica e civil.

       2 – “Leviatã”, Thomas Hobbes
              (...) durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra; e uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens. Pois a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de travar batalha é suficientemente conhecida. Portanto a noção de tempo deve ser levada em conta quanto à natureza da guerra, do mesmo modo que quanto à natureza do clima. Porque tal como a natureza do mau tempo não consiste em dois ou três chuviscos, mas numa tendência para chover que dura vários dias seguidos, assim também a natureza da guerra não consiste na luta real, mas na conhecida disposição para tal, durante todo o tempo em que não há garantia do contrário. Todo o tempo restante é de paz.( SEM UMA FORÇA EXTERNA CAPAZ DE MANTER O RESPEITO MÚTUO, OS  INDIV. TENDEM  AO  CONFRONTO)

      3 – “Discurso sobre a origem da desigualdade”, Rousseau
       Parece, à primeira vista, que os homens nesse estado [de natureza], não tendo entre si nenhuma espécie de relação moral nem de deveres conhecidos, não podiam ser bons nem maus, nem tinham vícios nem virtudes (...). Não vamos, principalmente, concluir com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem seja naturalmente mau; que seja vicioso, porque não conhece a virtude; que recuse sempre aos seus semelhantes serviços que não acredita serem do seu dever; ou que, em virtude do direito que se atribui com razão às coisas de que tem necessidade, imagine loucamente ser o único proprietário de todo o universo. (...) Não creio ter contradição alguma que temer concedendo ao homem a única virtude natural que o detrator mais extremado das virtudes humanas é forçado a reconhecer. Refiro-me à piedade, disposição conveniente a seres tão fracos e sujeitos a tantos males como nós; virtude tanto mais universal quanto mais útil ao homem que precede nele ao uso de toda reflexão, e tão natural que os próprios animais dão, às vezes, sinais sensíveis dela (...).

    4 - Ódio revisitado - Eram apenas nove os jovens negros selecionados pela direção do principal colégio da cidade, o Central High School, para cumprir a ordem judicial de integração racial no país. Segundo David Margolick, autor do recém-publicado Elizabeth and Hazel: Two Women of Little Rock (ainda inédito no Brasil), a peneira foi cautelosa. A busca se concentrou em colegiais que moravam perto da escola, tinham rendimento acadêmico ótimo, eram fortes o bastante para sobreviver à provação, dóceis o bastante para não chamar a atenção e estoicos o suficiente para não revidar a agressões. Como conjunto, também deveria ser esquálido, para minimizar a objeção dos 2 mil estudantes brancos que os afrontariam. HARAZIM, Dorrit, REVISTA PIAUÍ.

  5- Crimes de ódio em redes sociais disparam no período eleitoral As discussões em redes sociais sobre as eleições fizeram aumentar em 84% o número de denúncias de crimes de ódio cometidos na web. As páginas incluem conteúdo relacionado a racismo, homofobia, xenofobia, neonazismo e intolerância religiosa.

6- O Globo: O que significa o ódio à democracia que dá título ao livro?
 Jacques Rancière: Quis analisar e criticar uma tendência muito forte na França, cuja particularidade é tomar a democracia não como forma de Estado, mas como forma de vida em sociedade. Este ódio denuncia uma pretensa invasão da igualdade e do igualitarismo em todos os domínios da vida e a relação com uma figura central: o indivíduo da sociedade de consumo de massa, que o ódio à democracia acusa de ser destruidor de todos os laços sociais tradicionais. O que esse ódio expressa é o ódio à igualdade, e está acompanhado do recuo efetivo da democracia e da igualdade nesses Estados. A democracia, no estrito senso desse termo, é o poder do povo, o poder de qualquer um, dos que não estão destinados ao exercício do poder por nascimento, riqueza, conhecimento científico ou qualquer qualidade especial. “Em novo livro, filósofo Jacques Rancière analisa contradições do sistema representativo”.

7- Devemos repensar as maneiras de superar o problema da desigualdade e da discriminação racial e de gênero no Brasil, como formas de garantia dos Direitos Humanos e realização da cidadania. Por esse prisma, Michael Sandel, filósofo norte-americano,  suscita debates, como, o que é uma sociedade justa? Quanta desigualdade é consistente com uma sociedade justa? O que nós, como cidadãos, devemos uns aos outros? E, especialmente: o que podemos fazer juntos para que a democracia funcione melhor? Existem, para Sandel, três obstáculos no caminho da construção de uma sociedade mais justa. O primeiro deles é a corrupção. Sandel  relembrou os gastos com a Copa do Mundo e os cálculos de dinheiro público perdido para a corrupção, que, no Brasil, chegariam a US$ 50 bilhões por ano, ou seja, 2% do PIB do País. O segundo obstáculo é a lacuna crescente entre ricos e pobres, especialmente agravada nos últimos 30 anos. E o terceiro é uma tendência sutil de assumirmos valores de mercado em nossas vidas. Para Sandel,  não há  resposta pacífica acerca disso, mas há outro desafio ético para se viver numa sociedade justa, e ele está relacionado ao valor crescente do dinheiro em nossas vidas. Há cada vez menos coisas que o dinheiro não compra.

Nas últimas três décadas, mudamos de uma economia de mercado para uma sociedade de mercado, onde tudo está à venda e tudo tem um preço.  Sandel afirmou que o mercado está controlando as relações humanas, as vidas familiares, a educação, a saúde, a vida cívica, o direito e a política. E que as pessoas deveriam ter consciência desse valor maior que o mercado está ocupando em nossas vidas. No livro  “O que o dinheiro não compra”   Sandel  aponta que um dos efeitos nocivos da corrupção é que ela corrói a confiança entre os cidadãos e dos cidadãos com os funcionários públicos. Além disso, o senso de responsabilidade de uns com os outros deve ser um dos pilares da democracia. “A lacuna entre os ricos e os pobres é grande demais, e isso pode solapar o sentido de comunidade, de que estamos engajados num projeto comum.” Assim, quando o dinheiro compra cada vez mais coisas boas na vida, as pessoas abastadas vivem cada vez mais separadas daquelas que têm poucos recursos. Antes, os lugares públicos eram os pontos de encontro de todos.  As pessoas ricas, hoje em dia, ficam nos camarotes.  A democracia não exige igualdade perfeita, mas exige que pessoas de formações, trajetórias e profissões diferentes se encontrem na vida do dia a dia. É assim que vamos nos preocupar com o bem comum. A solução, de acordo com Sandel, é melhorar a política com um novo espírito, uma disposição de se envolver em assuntos importantes como justiça, igualdade, mercados e as obrigações mútuas de cada cidadão. As pessoas, dessa forma, devem comprometer-se com convicções morais e espirituais, entrar em desavenças e criar hábitos e atitudes cívicas que valham a pena, inclusive a arte de ouvir, muito importante para a democracia.

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Viver em sociedade: anseios e desafios”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.