sexta-feira, 4 de junho de 2010

A ARTE DE ESCREVER - RUMINAR I -

Senhores
  e  senhoritas,

















O  ATO  DE  ESCREVER  NÃO  DEVE  SER  UM  ATO  SOLITÁRIO. ANTES, DEVE  SER  ENTENDIDO DA  MESMA  FORMA  QUE  SE  DEFINE  O  ATO  DE  PENSAR



1- A  primeira  aula de metodologia  na  Faculdade  de  Filosofia  Nossa  Senhora  Medianeira, ministrada pelo professor  Mário Sérgio Cortella,  oferecia-nos  a  seguinte  proposição: COMO  É  POSSÍVEL PENSAR POR  MEIO  DO  JÁ PENSADO?
Eu  era  um  adolescente  sempre  perturbado  com  o  problema  da  escrita  e  do  pensamento. Permaneci  em silêncio dominicano. O  riso  do  professor  invadia  a   paz  dos  alunos. E  vinha  outra  manifestação: ONDE  SE  ENCONTRA  O  OBJETO  QUE  VOCÊ  PROCURA?

2- Deixemos  o  passado. Miremos  o  vestibular  e a  necessidade  de  escrever bem. A  nossa  tese  é  a  de  que  o  ato  de  escrever  se  aproxima  do  ato  de  pensar. Mas  como  devemos pensar?

3-  Pensar  o  que  outros  já  pensaram  constitui  a  ação  de    REPENSAR.  Repensar  é  sempre  pensar. O  pensar  é  um  ato  que se  fortalece  na  interação.

4- Conforme   Kierkegaard,  não  há   verdade  verdadeira que não seja "subjetiva", isto é,  "devorada  canibalmente". Então,  meu aluno, deve  entrar  em  contato  com  o  pensamento  de  bons  autores  a  fim  de  apropriar-se  deles.
"Ao lermos  Platão  ou  Descartes,  pensamos  nós  mesmos como  Platão  ou  Descartes. Pensamos  não  apenas  por  eles,  mas  neles -  pensamos  simplesmente.  É  preciso  conhecer, mas  para  pensar, e não conhecer  por  conhecer. Ao  fim  e  ao  cabo,  é  preciso que  o  pensamento  repensado  seja  integralmente digerido, comido, integrado. É  a  isso que  Nietzsche  nos  convida  quando  lamenta  que  tenhamos  perdido  a  faculdade  conservada pelas  vacas:  a  de  ruminar"

5- Dessa  forma,  a  arte  de  escrever  deve  ser  entendida como  ensina  Harold Bloom, isto  é,  a  grande  escrita  é  sempre  reescrita. Para  isso,  devemos  nos  convencer  da  necessidade  de  conhecer  os  mais  diversos  gêneros  textuais (carta, bilhete, conto, fábula, crônica, ensaio, dissertação, poema, receita, bula, descrições, narrações, sermões, discursos...), apreender  sua  estrutura  íntima, identificar  o modo como foram  realizados e, finalmente,  ruminar, incorporar esse  modelo para  a  nossa  maneira  de  escrever.

6-  Escrever  não  é  um  ato  vazio, isolado  e  irrefletido. Então  siga  as  pegadas. Quem  procura, acha.


Até mais!