sábado, 27 de março de 2010

A ARTE DA PALAVRA À MANEIRA DE MACHADO DE ASSIS

Senhores  e  senhoritas,

A  ARTE DA  PALAVRA  implica  apaixonar-se pelas palavras. O crítico literário Harold Blom  explica que a  grande escrita  é  sempre  reescrita, isto é,  um bom texto  sempre  precisa ser  reescrito. O  poeta  francês Paul Valéry  dizia que  os  deuses nos dão  o primeiro verso, mas que o restante do poema nós mesmos temos que  encontrar. Aproveite  a  crônica  machadiana a  fim  de  elevar o manancial da escrita.


Machado de Assis: 12/03/1893

QUE CUIDAM que me ficou dos últimos acontecimentos Amazonas? Um verbo: desaclamar-se. Está em um dos telegramas do Pará e refere-se ao cidadão que, por algumas horas, estivera com o poder nas mãos. "Tendo em ofício participado a sua aclamação marcado o prazo de 12 horas para a retirada do governador, de clamou-se em seguida por outro ofício. . ."

Pode ser (tudo é possível) que o intuito da palavra fosse ante gracejar com a ação; mas as palavras, com os livros, têm os seus fados, e os desta serão prósperos. É uma porta aberta para as restituições políticas. Resignar, como abdicar, exprime a entrega de um poder legítimo, que o uso tornou pesado, ou os acontecimentos fizeram caduco. Mas, como se há de exprimir a restituição do poder que a aclamação de alguns entregou por horas a alguém? Desaclamar-se. Não vejo outro modo.

Mérimée confessou um dia que da história só dava apreço às anedotas. Eu nem às anedotas. Contento-me com palavras. Palavra brotada no calor do debate, ou composta por estudo, filha da necessidade, oriunda do amor ao requinte, obra do acaso, qualquer que seja a sua certidão de batismo, eis o que me interessa na história dos homens. Desta maneira fico abaixo do outro, que só curava de anedotas. Sim, meus amigos, nunca me vereis vencido por ninguém. Alta ou baixa que seja uma idéia, acreditei que tenho outra mais alta ou mais baixa. Assim o autor da Crônica de Carlos IX dava Tucídides por umas memórias autênticas de Aspásia ou de um escravo de Péricles. Eu dou as memórias deste escravo pela notícia da palavra que Péricles aplicava, em particular, aos cacetes e amoladores de seu tempo.

Que valem, por exemplo, todas as lutas do nosso velho parlamentarismo, em comparação com esta palavra: inverdade? Inverdade é o mesmo que mentira, mas mentira de luva de pelica. Vede bem a diferença. Mentira só, nua e crua, dada na bochecha, dói. Inverdade, embora dita com energia, não obriga a ir aos queixos da pessoa que a profere. — "Perdoe-me V. Ex.a, mas o que acaba de dizer é uma inverdade; nunca o presidente da Paraíba afirmou tal cousa." — "Inverdade é a sua; desculpe-me que lhe diga em boa amizade; V. Ex.a neste negócio tem espalhado as maiores inverdades possíveis! para não ir mais longe, o crime atribuído ao redator do Imparcial. . . " — "São pontos de vista; peço a palavra."

Parece que inexatidão bastava ao caso; mas é preciso atender ao uso das palavras. Não cansam só as línguas que as dizem; elas próprias gastam-se. Quando menos, adoecem. A anemia é um dos seus males freqüentes; o esfalfamento é outro. Só um longo repouso as pode restituir ao que eram, e torná-las prestáveis.

Não achei a certidão de batismo da inverdade; pode ser até que nem se batizasse. Não nasceu do povo, isso creio. Entretanto, esta moça, pode ainda casar, conceber e aumentar a família do léxicon. Ouso até afirmar que há nela alguns sinais de pessoa que está de esperanças. E o filho é macho; e há de chamar-se inverdadeiro. Não se achará melhor eufemismo de mentiroso; é ainda mais doce que sua mãe, posto que seja feio de cara; mas quem vê cara, não vê corações.

Vi muitos outros viventes de igual condição, que mereceriam algumas linhas; mas o tempo urge, e fica para outra vez. Nem há só viventes separados; tenho visto irmãos, fileira de irmãos, saídos da mesma coxa ou do mesmo útero, com o nome de uma só família apenas diferençado pelo Sufixo, cuja significação não alcanço. Um exemplo, e despeço-me.

A chefia, e particularmente a chefia de polícia, é uma dona robusta, de grandes predicados e alto poder. Supus por muitos anos que era filha única do velho chefe; mas os tempos me foram mostrando que não. Tem irmãs, tem irmãos, tem chefação, pessoa de igual ou maior força, porque a desinência é mais enérgica. Tem chefança. Vi muitas vezes esta outra senhora, à frente da polícia ou de um partido, disputar às irmãs o domínio exclusivo, sem alcançar mais que comparti-lo com elas. Vi ainda a nobre chefatitra, tão válida e tão ambiciosa como as outras. Dos irmãos só conheço o esbelto chefiado, que, alegando o sexo, pretendeu sempre a chefança, a chefatura, a chefação ou a chefia da família.

Parece que, à semelhança dos filhos de Jacó, invejosos de José, que era particularmente amado do pai, os filhos e filhas do velho chefe, verido a predileção deste pela linda chefia, cuidaram de a matar. Estavam prestes a fazê-lo, quando surgiu a idéia de a meter na cisterna, e dizê-la morta por uma fera, como na Escritura; mas a vinda dos mesmos israelitas, com os seus camelos, carregados de mirra e aromas ...

Velha imaginação, onde vais tu, pelos caminhos do sonho? Deixa os camelos e a sua carga, deixa o Egito, fecha as asas, abre os olhos, desce; esta é a Rua do Ouvidor, onde não se mata José nem chefia; mas unicamente o tempo, esse bom e mau amigo, que não tem pai, nem mãe, nem irmãos, e domina todo este mundo, desde antes de Jacó até Deus sabe quando.

Para crônica, é pouco; mas para matar o tempo, sobra.

Até mais!



domingo, 7 de março de 2010

DIA DA MULHER CONFORME MACHADO DE ASSIS

  Senhores  e senhoritas,


Machado de Assis  trouxe  relevo  à figura da mulher  nos  seus  escritos.
 Vejam as  principais  mulheres de Machado  e  suas  qualidades.



O  QUE  A  MULHER  PRECISA  SABER   PARA  SER FELIZ?


a)  Lívia (1872):  dela  partiu  a  decisão  de  romper com a decisão de casamento.


b) Guiomar (1874): em  A mão e A luva,  escolhe Luiz Alves para que este lhe seja, sobretudo, útil.


c) Estela (1878):   em  Iaiá Garcia,  conduz  a  ação  e  promove  situações de felicidade para Luiz Garcia, Iaiá  e  Jorge.



d) Helena (1876):    para  não  ser  interpretada como aventureira, deixa-se morrer.

 

e) Virgília  e  Marcela (1881): em MPBC, Virgília foi a primeira a mostrar a cura das doenças nervosas decorrentes do casamento.
Marcela... a condutora da ação:  amou-me durante quinze meses e 11 contos de réis...


f) Sofia(1891): em Quincas Borba,  a mulher  é o elemento forte, traz o homem dependente de si.


g) Capitu (1899) em D.Casmurro, símbolo da mulher. Em Machado,  a  mulher  pode escolher a forma  de  sentir e  amar.O homem  sem  Capitu  não  é  nada.


h) Flora (1904): em Esaú e Jacó,  sensibiliza-nos, comove-nos, aparece e desaparece mansamente, morre sem perturbar-nos.


i) Fidélia  e  D.Carmo (1908): em M.Aires,  representam a dependência do  homem em tudo.
 "Aguiar sem Carmo não é nada". Representam, igualmente, dedicação à família  e  à vida.


 Machado  escrevia sobre mulheres e para mulheres.

VEJAM MAIS:

1 - "...não basta ver uma mulher para a conhecer, é preciso ouvi-la também..." (Ressurreição,cap.III)

2 - "A mulher, dizia ele, é um livro; o pé  é o índice do livro" (Histórias românticas, Ed. Jackson)

3- "pela adulação é que se alcançam as mulheres, bem como se as perde, tal como acontece com os reis" (Queda que as mulheres têm para os tolos", Miscelânea)

4- "as mulheres escolhem com pleno conhecimento do que fazem. Comparam, examinam, pensam, e só se decidem por um, depois de verificar nele a preciosa qualidade que procuram. Essa qualidade é...a toleima!" (Queda que as mulheres têm para os tolos", Miscelânea)

5- "como mulheres, sabem que  a  ousadia é a primeira virtude masculina" (Crítica teatral, Ed. Jackson).

Que sejamos felizes  com  as  mulheres!

Até mais!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

COMO PLANEJAR OBJETIVOS PARA OS PARÁGRAFOS -1

Senhores e senhoritas,

O planejamento do parágrafo é fundamental para a construção de um texto bem organizado.
Organizar bem os parágrafos pressupõe a definição prévia de objetivos para cada um deles.
Desejo que vocês desenvolvam a capacidade natural de construir parágrafos com base em objetivos.
Assim sendo, apresento algumas estratégias para a fixação de objetivos na redação de parágrafos:



I - PARÁGRAFO ORGANIZADO POR TEMPO/ESPAÇO

Dependendo do tema da redação será importante, antes de desenvolver o assunto, situá-lo no tempo, fazendo um percurso histórico sobre suas origens,seu contexto históico. O  parágrafo vai fornecer uma informação cronológica, histórica, temporal sobre eventos. O período temporal pode ser preciso
(datas precisas e completas) ou impreciso (expressões temporais que indicam época, sem precisar a data certa dos acontecimentos).

VEJA  UM  EXEMPLO:
"Entre 1890 e 1930 Taylor e outros conceberam a administração científica. Taylor iniciou seus estudos nos Estados Unidos, no final do século XIX  e o desenvolvimento das primeiras teorias sobre administração coincide com o início do século XX. Durante esse período, em 1916, Henry Fayol, na França, idealizou a teoria clássica das organizações, enquanto Max Weber, na Alemanha, por volta de 1910, desenvolveu seu trabalho sobre a escola burocrática de administração. Já Frederick Taylor, em 1900, pôs em prática algumas de suas ideias, demonstrando que as novas teorias podiam ser úteis ao aumento da produção e do lucro."

EXPLICAÇÃO:
Nota-se que o parágrafo passa informações históricas. Não especifica, apenas situa o tema no tempo e no espaço. Um parágrafo como esse poderia ser seguido por um outro com o objetivo de explicar o significado das teorias mencionadas.Cada uma das três teorias citadas seriam definidas e explicitadas para garantir melhor organização do texto.

NO  PRÓXIMO  POST   MOSTRAREMOS  O  PARÁGRAFO ORGANIZADO  POR DEFINIÇÃO

ATÉ  MAIS!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

COMO PLANEJAR E CRIAR IDEIAS PARA A REDAÇÃO

Senhores e senhoritas,

Antes de planejar um texto ou parágrafo será bastante útil investigar o que já se sabe sobre o assunto, isto é, o seu arquivo mental. A maioria dos alunos escreve espontaneamente, esperando que a inspiração divina ilumine e o texto 'surja' naturalmente. Deus ajuda, mas você deve fazer a sua parte.
De qualquer modo, o melhor método é  PLANEJAR sempre. Portanto, antes de iniciar a redação, faça um esboço de itens que poderão servir para o desenvolvimento dos períodos e dos parágrafos.

FAÇA  ASSIM:  após  escolher um tema, delimite-o o máximo de vezes possível em itens subordinados ou relacionados a ele de alguma forma. Este procedimento permitirá  perceber o quanto sabe sobre o assunto.

VEJA  UM  EXEMPLO: 
VIOLÊNCIA
Delimitação:

TIPOS:  Urbana -(tráfico);  Rural - ( Disputa por terra); Policial -(repressão)

CAUSAS: Sociais -(miséria); Morais -(éticas); Políticas -(corrupção)

CONSEQUÊNCIAS: Insegurança

SOLUÇÕES: Políticas -(sociais); Penais -(Sistema prisional).

SE  VOCÊ  PERCEBER  QUE  NÃO  CONSEGUE  DELIMITAR  É  SINAL DE PRECISA LER MAIS  SOBRE  O ASSUNTO.

O que há, portanto, a ressaltar  é  que  o planejamento dá  racionalidade ao trabalho  de redação. Sem ele, ficará  na  espontaneidade.

EXERCITE  AGORA  ESSA PROPOSTA  DE PLANEJAMENTO CONSTRUINDO DELIMITAÇÕES  SOBRE  OS  SIGUINTES  TEMAS:

- PROBLEMAS SOCIAIS BRASILEIROS;
- ASPECTOS DA TELEVISÃO BRASILEIRA;
- JUVENTUDE ATUAL: PROBLEMAS E PERSPECTIVAS;
- A PUBLICIDADE NO BRASIL;
-CINEMA BRASILEIRO.

ATÉ MAIS!


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

ARTE DE ESCREVER = PRINCÍPIOS DA REDAÇÃO

   Senhores e senhoritas,


   Muitos de vocês revelavam   encontrar  dificuldade  para  encontrar  ideias  a  fim de   desenvolver  a  redação. Ora, é preciso esclarecer um fato:  não  há  um  mundo de ideias, residindo em algum lugar, que deve ser encontrado como em um passe de mágica.

   As ideias, senhores, existem  em  livros, nos textos já publicados, nas informações que recebemos pelo rádio, pela internet, pelos blogs, pelos jornais, na sala de aula  e  nas  discussões informais. Estas são as verdadeiras fontes da inspiração.

   O aluno que não lê terá, é claro, uma dificuldade bem maior em encontrar ideias do que  o  amante da leitura. A verdadeira fonte das ideias é  a  leitura constante. O espírito criativo e o raciocínio investigativo são os reforços fundamentais da capacidade de expressão.

  Portanto, para se criar ideias é preciso que você faça uma reflexão crítica sobre  o  estado atual  de seu  arquivo  mental. Avaliando criticamente o seu arquivo mental, ou seja, a quantidade e a qualidade das informações armazenadas em sua memória,  você  poderá ter uma ideia mais concreta de sua capacidade expressiva e deu seu potencial criador.

Até mais!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O QUE ELES DIZEM SOBRE ESCREVER



Senhores e senhoritas,

Espero que  2010 seja  para   vocês  um  encontro  profundo  com  o  Livro  e  com  a  Arte de Escrever, porque  CASA  SEM  LIVRO, CORPO SEM  ALMA (Cícero).


Começarei com 

Miguel de Cervantes :  A pena é a língua da alma.


A.Dumas , pai:  Não escrevas o que não puderes afirmar.


A. W. Schlegel:  A profissão de escritor é, segundo a maneira pela qual se exerce, uma infâmia, um passatempo, um ofício, uma arte, uma ciência ou uma virtude.


Jacques B. Bossuet: Não sei como pode o homem de bom senso ter paciência para escrever um livro só pelo prazer de escrever.


C. A. Vulpius:  O escritor é um bom diabo que não guarda só para si os seus tesouros, e os reparte, embora compensado pela ingratidão, com os outros.


Stendhal: O prazer de escrever é o mesmo que o de ler, sublimado por umas gotas de intimidade.


E. Wertheimer: Muitos escritores seriam mais lidos, se escrevessem menos.


Francis Bacon: Dificílimo é serem os escritores admirados e brilhantes ao mesmo tempo.


Thomas Fuller:  Alfaiates e escritores não podem esquecer a moda.


Oscar Wilde:  Se um romancista é tão vil que tira as personagens do vivo, deve pelo menos fingir que são criações e não vangloriar-se de tê-las copiado.


Schopenhauer: Há dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever.


William Faulkner:  Se eu não tivesse existido, algum outro teria escrito meus livros: Hemingway, Dostoievski, todos nós. A única responsabilidade do escritor é alimentar o sonho.



Poderia  terminar com  versos, mas  termino com  MACHADO DE ASSIS:

"A  PRIMEIRA CONDIÇÃO DE QUEM ESCREVE É NÃO ABORRECER" (Ao Acaso, 10 de outubro de 1864, Crônicas, Ed. Jackson).

Até mais!








quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

PARA VOCÊ GANHAR BELÍSSIMO ANO NOVO



Senhores e senhoritas,




Para ganhar belíssimo Ano Novo, não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas. Andemos com Machado de Assis: chegou um ano, que veio render o outro, montando guarda aos nossos sonhos, às nossas esperanças, à espera que venha rendê-lo outro ano, o de 2011, depois o de 2012, em seguida o de 2013, logo o de 2014, enfim ... 2109!



Que inveja tenho do escritor que houver de saudar o sol de 2109! Que belas cousas que ele há de dizer, erguendo-se na ponta dos pés, para crescer com o assunto, todo auroras e folhas verdes! Naturalmente, maldirá 2009, com seus problemas ambientais, econômicos e até enchentes para tirar a festa dos pobres. Por onde começará? Ora, os tropeços de 2009 não se camuflam; antes, saltam como colibri. Senão vejamos: O então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, escondeu da Justiça uma casa de R$ 5 milhões num dos pontos mais nobres de Brasília. Ora, de igual modo, escrever é sempre esconder algo de modo que mais tarde seja descoberto. Precisa ler Ítalo Calvino. A Polícia Federal deflagra a Operação Castelo de Areia na empreiteira Camargo Corrêa contra crimes financeiros e lavagem de dinheiro. O presidente do STF, Gilmar Mendes e o ministro Joaquim Barbosa bateram boca no plenário do tribunal. Recordemos Brás Cubas : Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia – algumas vezes gemendo –, mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um “ai, nhonhô!” – ao que eu retorquia: – “Cala a boca, besta!”

O Conselho de Ética da Câmara decidiu substituir o deputado Sérgio Moraes (PTB), pois o deputado afirmara que "se lixava para a opinião pública". O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) pediu desculpas por ter chamado grandes produtores rurais de “vigaristas”. Que ofensa! O senador Eduardo Suplicy (PT) desfilou pelos corredores do Senado trajando uma cueca vermelha e montou a pauta do Congresso dos militantes esquerdistas: Da política à cueca! Vocês querem mais, porém o gênero blog não comporta... tem saia justa. Apenas digo que 2009 está sob chuva ou dilúvio. É tanta água para que a sujeira seja lavada. O certo é que este dilúvio inunda os pobres, sobretudo os marginalizados.
2009 findou com dilúvio e dissensão climática. O clima mostrou-se extremo. Os homens estão a revisitar a arca de Noé. Deixemos 2009. Voltemos a Carlos Drummond de Andrade: Para ganhar um Ano Novo que merece este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. Feliz Ano Novo.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

DE GUTENBERG AO TWITTER: INOVAÇÕES NA ESCRITA





Senhores e senhoritas,

Vamos pensar sobre  o  papel da escrita no mundo da internet?

Das tábuas de argila ao Twitter, a escrita conheceu profundas modificações. A Wikipédia, os blogs e o Twitter anunciam novos tempos e geram novos gêneros ao mundo da escrita. Como a cultura escrita está reagindo às diferentes inovações? Como o professor de redação pode enfrentar problemas ou se beneficiar das dádivas digitais?

Blogs e Twitter são novos gêneros de escrita. A norma culta, porém, ainda possui lugar no ciberespaço, pois muitas revistas científicas já são publicadas na web. Em tais publicações, espera-se o emprego da norma culta.

Não há dúvida de que ocorra um caráter novo da internet com o processo de comunicação. Entretanto, as mudanças da era digital ainda não superam as duas grandes revoluções no caminho da escrita, quais sejam, a revolução do códex, que criou as páginas e os livros e, de igual modo, a revolução da imprensa, democratizando o acesso a textos.

Enfim, muitos estudos surgirão sobre  esse assunto. Ainda será tema de redação em algum vestibular atento às mudanças do nosso tempo.
Até mais!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A RELEVÂNCIA DA COMUNICAÇÃO




Senhores e senhoritas,

Perguntaram-me  recentemente:

- Você vai viajar nessas férias?

Diante da  questão,  meus botões apresentaram-me tais respostas:

- "ãh, hã"
- "lógico"
- "sim"
- "vou"

Ouvi, porém, a conversa que se deu entre eles.

- Por que não respondeu simplesmente: Sim, eu vou viajar nessas férias?

- Ora, posso contar com o conhecimento prévio de meu interlocutor. Agora, deixa a gramática de lado e vamos comprar pão.

- Antes, analisemos  a  frase  'vamos  comprar pão'...

- Qual  é  o  problema?

- Os verbos 'vou + comprar'. Trata-se  de  uma  locução verbal.

-  Também  recebe  o  nome  de  Perífrase verbal.


- Sim, o 1º é  verbo auxiliar;  o 2º, um verbo de ação.

- Entretanto, posso interpretar  a  sentença como  uma  'intenção', isto é,  pretendo comprar?

- Sem dúvida. De igual modo,  como   um  tempo  futuro (comprarei). O fundamental é  que  essa diferença de respostas nos diz muito sobre o percurso de mudança na língua.

- Dessa  forma, podemos contar com o conhecimento de mundo do nosso interlocutor para a relevância  da comunicação. E quanto à mudança climática?

- Fica  para outro momento...

domingo, 29 de novembro de 2009

Por que o brasileiro não lê?



Por que o brasileiro não gosta de ler?

O Brasil tem se defrontado com os indicadores negativos no campo da leitura. Recentemente o Instituto Pró-livro apontou que os brasileiros leem, em média, 1,3 livro ao ano. Nos EUA, a média é de 11 livros por ano. Não é de hoje, porém, que o tema volta a preocupar educadores, pais e governantes. Monteiro Lobato, em 1926, em carta ao presidente Washington Luís, afirmava: “trata-se duma triste realidade que até hoje não mereceu o menor olhar de simpatia dos nossos homens de governo – o livro”. Em 1937, o governo de Getúlio Vargas, tendo como ministro Gustavo Capanema, inicia timidamente uma política para o livro no país. Entre 1950 e 1970, dois programas fomentadores da formação de leitores foram implementados; o ano de 1972 foi proclamado pela Unesco como o “Ano Internacional do Livro”. O Brasil lançou programa nacional, em que se incluía iniciativa voltada à promoção da leitura com “hábito”. Entretanto, desde 1995, a mídia vem publicando o resultado infeliz entre o brasileiro e a leitura. Em dezembro de 2004, veículos da mídia impressa publicaram resultados de um teste de ensino de âmbito internacional – o Programa Internacional de Avaliação do Estudante (Pisa -2003) – que colocavam o Brasil nos últimos lugares dentre quarenta países: 250 mil alunos na faixa etária dos quinze anos foram avaliados com testes nas áreas de saber: Leitura, Ciência e Matemática. Em leitura, o Brasil ficou à frente apenas do México, da Indonésia e da Tunísia. São sinalizadores de que o hábito da leitura está ausente de nossa realidade, por quê?
Pode-se dizer que a falta de leitura esteja ligada a um traço da identidade do brasileiro, isto é, o brasileiro lê pouco por má formação cultural. Tal frase pode se parafraseada por expressões “o brasileiro tem má formação cultural”; “o brasileiro não tem cultura letrada”. Todavia, ainda se eleva a pergunta: por que o brasileiro não lê? Alguns estudiosos entendem que nosso país possui sociedade eminentemente oral, portanto o texto escrito fica em segundo plano na escolha do brasileiro (Hallewell,1985:601). Em 1989, o Congresso de Leitura do Brasil (COLE) questionava a ausência de políticas integradas de fomento à leitura no país. Hoje, a Bienal do Livro acaba por favorecer intensamente o mercado de livros. Ora, a crise da leitura também é fruto de uma crise geral de uma sociedade discriminatória que não fornece igualdade de oportunidade e acesso à cultura. Dessa forma, ações pedagógicas precisam ser desenvolvidas. Em 2009, o Colégio Cristo Rei trouxe um exemplo de fomento à leitura para Marília e região: a I Feira do Livro, momento de encontro, debate, palestra e atividades culturais estimuladoras do hábito da leitura. Ler é pensar o mundo. “A cultura se faz por meio do livro. O livro se faz com papel. Carregar de taxas o papel é asfixiar o livro. Asfixiar o livro é matar a cultura”(Monteiro Lobato).

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CARTÃO DE NATAL -

RESPOSTA AOS MOMENTOS DA VIDA


A VIDA PODE DIZER NÃO!

A PROVA MOSTRAR-SE DIFÍCIL;

A CERTEZA ESCONDER-SE NO HORIZONTE;

A CHANCE MOSTRAR-SE FUGIDIA;

A CHAVE PARA A SAÍDA ENFERRUJAR-SE;

A PAZ DESCONECTAR-SE;

A TRISTEZA ENCONTRAR MORADA;

A SENSAÇÃO DE DERROTA ENALTECER-SE,



MAS DEUS DIZ SIM!

FAZ A VIDA DIGNIFICAR-SE;

A PROVA TRANSFORMAR-SE EM RISO;

A CHANCE APROXIMAR-SE DE SEUS OLHOS;

A CERTEZA ROMPER EM FÉ;

A CHAVE CERTA PARA INÚMERAS PORTAS;

A SAÍDA SURGIR EM GLÓRIA;

A PAZ REACENDER-SE EM FLORES;

A LUZ MOSTRAR-LHE O CAMINHO;

A DIFICULDADE TORNAR-SE LONGÍNQUA;

A VITÓRIA DIZER SIM!

A ALEGRIA PEDIR PARA FICAR!

SEMPRE MAIS QUE VENCEDORES!

sábado, 10 de outubro de 2009

POEMA DE ANIVERSÁRIO









VERDADES
E
MENTIRAS









VERDADE 1 = COMPLETO, HOJE, 46 ANOS.


VERDADE 2 = ESTOU COM 46 ANOS.


VERDADE 3 = CHEGO, HOJE, AOS 46 ANOS.










MENTIRA 1 = SOU ALGUÉM DE 46 ANOS.


MENTIRA 2 = REALIZEI-ME AOS 46 ANOS.






Ora, como sou mais verdadeiro que mentiroso,

rogo, Senhor Deus, mais 46 anos a fim de que eu possa

bem dizer o que é ter, realmente, 46 anos. E se achar,

ainda, que mereço muito mais...Muito mais agradecerei.

sábado, 5 de setembro de 2009

UM POUCO SOBRE PONTUAÇÃO: O NOVO ENEM - IV



Senhores e senhoritas,


UM POUCO SOBRE PONTUAÇÃO

Além da ordem dos termos, a pontuação é fundamental para que o efeito do sentido se faça coerentemente compreensível. Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase. É governar bem as rédeas da frase.


Os “sinais de pontuação” são marcas
constitutivas do sentido?

VEJAM:

Irás voltarás não morrerás

Dependendo do sentido que se quer dar, ocorre a pontuação.

Irás. Voltarás. Não morrerás.
Irás. Voltarás? Não. Morrerás.


Os pontos e vírgulas determinam o sentido das palavras, e variados os pontos e vírgulas, também o sentido se varia. É bom que se note: as palavras formam o significado; os pontos e vírgulas determinam o sentido.

Exemplo: Surrexit, non est hic. Ressuscitou, não está aqui. Assim, diz o evangelho que Cristo ressuscitou. Todavia, Surrexit? Non. Est hic. Ressuscitou? Não. Está aqui.

Ora, se a mudança de um ponto e de uma vírgula pode trazer tantos problemas e danos, que seria se mudassem palavras? Que seria se se diminuíssem palavras? Que seria se se acrescentassem palavras?


PENSANDO SOBRE PONTUAÇÃO PARA ALÉM DE SINAIS
GRÁFICOS.


Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu assim:

"Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres."


Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava a fortuna? Eram quatro concorrentes.


1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.


2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.


3) O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.


4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.


Cidadezinha Qualquer
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar ... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

Em “Cidadezinha Qualquer”, Carlos Drummond de Andrade utiliza a pontuação com finalidade expressiva.
Na primeira estrofe, há um único sinal de pontuação: o ponto final, no fim da estrofe. Os sintagmas “casas entre bananeiras”, “mulheres entre laranjeiras”, “pomar”, “amor” e “cantar”, que, segundo a gramática, deveriam estar separados por vírgula, pelo fato de serem elementos de uma enumeração, dado o efeito pretendido por meio da organização descritiva da referida estrofe, tal uso não se verifica.
Essa “desobediência” gramatical deve certamente estar relacionada a uma questão de conteúdo, e efetivamente está: a apresentação da cena como um todo; um retrato em que os elementos estão proximamente dispostos, constituindo uma unidade de forma e de sentido.


Na segunda estrofe, cada um dos três períodos, que constituem os versos, apresenta um ponto final. Tal procedimento remete ao fato de cada cena ocorrer a seu tempo, em separado, o que leva à associação com o ritmo lento da vida da cidade.


Na última, o conteúdo semântico do sintagma “devagar” amplia-se com uso de reticências logo a seguir. O olhar das janelas é, dessa maneira, mais vagaroso do que a caminhada do homem, do cachorro ou do burro.




Vejam agora a campanha dos 100 anos da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).

Vírgula pode ser uma pausa… ou não.

Não, espere.

Não espere.


Ela pode sumir com seu dinheiro.

R$ 23,4.

R$ 2,34.


Pode ser autoritária.

Aceito, obrigado.

Aceito obrigado.


Pode criar heróis.

Isso só, ele resolve.

Isso só ele resolve.


E vilões.

Esse, juiz, é corrupto.

Esse juiz é corrupto.


Ela pode ser a solução.

Vamos perder, nada foi resolvido.

Vamos perder nada, foi resolvido.


A vírgula muda uma opinião.

Não queremos saber.

Não, queremos saber.

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Se você for mulher, certamente colocará a vírgula depois de MULHER.

Se você for homem, colocará a vírgula depois de TEM?


EXERCÍCIOS:


Nas frases abaixo, coloque vírgula (s) onde convier:
1. Voltaram todos cansados molhados famintos e desapontados.
2. No verão de 74 fomos à praia à serra e ao campo.
3. Os ideais da Revolução Francesa eram Liberdade Igualdade e Fraternidade.
4. As seis maiores cidades brasileiras são Rio de Janeiro São Paulo, Salvador Belo
Horizonte Recife e Porto Alegre.
5. Até que Rex estivesse banhado seco escovado e perfumado a vizinhança toda tinha
aparecido para ver o que estava acontecendo.
6. Os meliantes forçaram a porta da loja penetraram no seu interior dirigiram-se à seção de
moda masculina e ali roubaram todo o estoque de pijamas de seda.
7. Pelos campos pelos bosques por sobre as árvores acima do canto dos pássaros acima
aos silvos do vento ouvia-se o apito da locomotiva.
8. Depois de ordenhar as vacas recolher os ovos no galinheiro trocar a água dos pintos e
alimentar os porcos eu comecei a sentir saudades da cidade.
9. Detestava a ciência porque a considerava apenas como um meio de facilitar o fabrico de
aviões bombas gases e artefatos para a destruição de seus semelhantes.
10. Os diretores reuniram-se para apreciar a situação financeira do clube decidir sobre a
entrada de novos sócios planejar o Carnaval e marcar a data do início da temporada da
piscina.



Divida cada uma das frases abaixo nas orações que a compõem, separando-as por vírgula, quando convier:
1. É melhor pedirmos desculpas ou ela não voltará a falar conosco.
2.Os dias passavam e o pé de laranja-lima ia de mal a pior.
3. Não é fácil pegar o ônibus das 12h pois o sinal para sair toca exatamente ao meio-dia.


ATÉ MAIS!

domingo, 30 de agosto de 2009

AS VÁRIAS NORMAS: O NOVO ENEM- III


Senhores e senhoritas,


Essas normas podem ser características do uso de toda uma região - normas regionais -, do uso de diferentes classes socioeconômicas -normas sociais -, dos usos em família -normas familiares -, dos usos típicos de certas profissões -normas profissionais -,dos usos das gerações -normas etárias - etc. O importante no entendimento das normas são o seu caráter coletivo e sua condição de uso. Isto não significa, senhores, que a norma é rígida e invariável. Para o ENEM, é importante saber que o sistema social oferece aos usuários da língua meios de renová-la. É verdade, porém, que essa renovação é lenta, pois as forças sociais de conservação são mais poderosas do que as iniciativas individuais de estilização.


O que chamamos de língua comum ou língua padrão, dialeto regional ou dialeto social não corresponde a uma entidade homogênea e estável, de limites por si mesmos defenidos. Uma língua só existe em seus usos. Consideremos as diferentes formas ou construções empregadas por muitos brasileiros:

(1) NÓS VOLTEMOS DA PRAIA TARDE.

(2) SE ELA PROPOR ESSE ACORDO, EU ACEITO.


São formas que pertencem à língua como um todo. Porém, as formas padrão correspondentes são:

NÓS VOLTAMOS DA PRAIA TARDE.

SE ELA PROPUSER ESSE ACORDO...


ERNALDICANDO PARA O ENEM-2009: CABE AO USUÁRIO DA LÍNGUA AVALIAR O CONTEXTO DE USO E ESCOLHER A FORMA DE EXPRESSÃO MAIS APROPRIADA. A LÍNGUA É EXPRESSÃO DA IMAGEM QUE OS INTERLOCUTORES FAZEM DA SITUAÇÃO SOCIAL EM QUE SE ENCONTRAM. A LÍNGUA É, POIS, UMA FORMA DE COMPORTAMENTO. REQUER DE SEUS USUÁRIOS DISCERNIMENTO PARA ADEQUAR AS FORMAS QUE IMPREGAM À SITUAÇÃO E À FINALIDADE DO ATO COMUNICATIVO. É NISSO QUE CONSISTE A COMPETÊNCIA COMINICATIVA DO VESTIBULANDO.


FALEMOS DE VARIEDADE LINGUÍSTICA:


Assaltante Cearense: Ei, bixim... Isso é um assalto...Arriba os braço e num se bula nem faça munganga...Passa vexado o dinheiro senão eu planto a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora... Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da moléstia....


Assaltante Mineiro: Ô sô, prest'enção... Isso é um assartim, uai...Levant'os braço e fica quetim quesse trem na minha mão tá chei di bala...Mió passá logo us trocado queu num tô bão hoje...Vai andando, uai, tá esperano o que, uai..


Assaltante Gaúcho: O guri, fica atento... Bah, isso é um assalto...Levanta os braços e te aquieta, tchê!Não tentes nada e toma cuidado que esse facão corta que é uma barbaridade... tchê!Passa os pilas prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala!.


Assaltante Carioca: Seguiiiinnte, bicho... Tu ta lascado, isso é um assalto...Passa a grana e levanta os braços rapa... Não fica de bobeira que eu atiro bem pra cacete...Vai andando e se olhar pra trás vira presunto....


Assaltante Baiano: Ô meu rei...(longa pausa)... isso é um assalto...Levanta os braços, mas não se avexe não... Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado... Vai passando a grana, bem devagarinho...Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado...Não esquenta, meu irmãozinho, vou deixar teus documentos na próxima encruzilhada....


Assaltante Paulista: Ôrra, meu... Isso é um assalto, cara... Alevanta os braços, meu...Passa a grana logo, ô meu... Mais rápido, ô meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pa comprar o ingresso do jogo do Curintia, meu...Pô, se manda, meu...


.Assaltante de Brasília: Caro povo brasileiro, no final do mês, aumentaremos as seguintes tarifas energia, água, esgoto, gás, passagem de ônibus, iptu, ipva, lincenciamento de veículos, seguro obrigatório, gasolina, álcool, imposto de renda, IPI, ICMS,PIS, COFINS...



Até mais!


domingo, 16 de agosto de 2009

LINGUAGEM E MUDANÇA: O NOVO ENEM


Senhores e senhoritas,



Toda língua sofre alterações ao longo do tempo. Já houve época em que as línguas eram comparadas a seres vivos, que nasciam, cresciam, davam frutos e morriam. Expressões como 'língua-mãe' e 'língua morta' são vestígios desta concepção. Outra ideia difundida no passado, também hoje superada, é que as línguas 'evoluem para um estado de perfeição'.




Entretanto, sabemos hoje que todas as variedades de uma língua são dotadas de estrutura complexa em qualquer fase de sua existência histórica. Esse é um bom conteúdo não só para o ENEM/2009, mas, sobretudo, ao estudioso da Língua. É bom que se note o fato de que uma língua não muda 'de vez em quando', mas continuamente. Algumas mudanças podem ser notadas em curtos períodos, como o surgimento de certas palavras e o desuso de outras. As mudanças linguísticas só nos aparecem evidentes quando comparamos formas de épocas distintas:

Século XIII: escrevia-se, e seguramente também se falava, MIGO (português atual comigo), fremosa (port. atual formosa), perderán (port. atual perderão). Verbos como TER,VER,PÔR apresentavam-se, na Idade Média, como: teer,veer,poer.

Entendam, portanto, que uma língua é um sistema abstrato reconhecível nos muitos usos, orais ou escritos, que seus falantes fazem dela. Os indivíduos concretizam esse sistema, nas muitas situações de uso. O Novo Enem vai cobrar tal entendimento: Entender as mudanças da língua pode ajudar a
● Combater o preconceito.
● Conhecer as diferenças entre as modalidades oral e escrita.
● Adequar o uso das variantes lingüísticas de acordo com o contexto.

Matriz de Referência de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Competência de área 1 - Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na
escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
H1 - Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de
caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 - Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e
informação para resolver problemas sociais.
H 3- Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação,
considerando a função social desses sistemas.
H4 - Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e
dos sistemas de comunicação e informação.

EXERCÍCIO:
Leia com atenção o texto:
[Em Portugal], você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos - peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola — mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?)
(Ruy Castro. Viaje Bem. Ano VIII, no 3, 78.)
O texto destaca a diferença entre o português do Brasil e o de Portugal quanto
A) ao vocabulário.
B) à derivação.
C) à pronúncia.
D) ao gênero.
E) à sintaxe.


Até mais!








sexta-feira, 7 de agosto de 2009

PROGRAMAÇÃO PARA O ENEM: alunos do Ensino Médio


Senhores e senhoritas,

O primeiro tópico a ser estudado para a prova do ENEM: ATRIBUIÇÃO DE SIGNIFICADOS.

Reconheça-se, a bem da verdade, que os cinco sentidos do homem ajudam-no a tomar conhecimento de tudo o que acontece à sua volta, seja um ruído, uma lâmpada acesa, um odor. Ou seja, o homem e o meio vivem em contínua interação: o mundo à sua volta é sempre uma 'situação' a que ele pode atribuir significado.

A atribuição de signifcado é o fundamento da orientação humana em qualquer situação. O que significa, por exemplo, um par de sapatos?
Na sapateira, ao lado de outros pares ou mesmo de outras espécies de calçado, é uma propriedade à disposição de seu dono para usos diversos: ir ao trabalho, a um passeio etc.
Na vitrine da sapataria, é um objeto à venda;
No acervo de um museu, seguramente é uma peça de valor histórico não mais destinada ao uso;

Dessa forma, o ato de atribuir significado é sempre um ato de reconhecimento, um ato pelo qual encaixamos o objeto de nossa atenção em um sistema de referências no qual ele passa a ter função e...sentido. Nada, portanto, significa por si só. Atribuir significado é o fundamento da vida em sociedade.

EXERCÍCIO:

Tente imaginar o maior número possível de sentidos diferentes com que alguém poderia dizer cada uma destas frases:
"Fiz um provão!"
"É um mulherão"
"Esta é a minha casinha"
"Puxa, que carrão!"
"Foi um filmaço!"

Todos entendemos o que signfica a palavra 'perna' na expressão "a perna da mesa". Antes indicava uma parte específica do corpo, e que, mediante uma expansão do sentido, passou a indicar uma das partes de uma mesa. TENTE EXPLICAR O RACIOCÍNIO QUE JUSTIFICA A EXTENSÃO:

"O ZBDA É O BRAÇO ARMADO DOS GUERRILHEIROS";
"PAREI DE TORCER PELO SANTOS. NÃO AGUENTAVA MAIS TORCER PELO LANTERNA DO CAMPEONATO";
"NESTE PERÍODO DE GRIPE SUÍNA, OS REMÉDIOS SÃO A TÁBUA DE SALVAÇÃO DAS FARMÁCIAS"

Enfim, alunos, a nossa metodologia, neste blog, será a de capacitar-lhes para o pleno domínio das COMPETÊNCIAS E HABILIDADES PARA ENTENDER O TEXTO E USAR O RACIOCÍNIO A FIM DE CRUZAR INFORMAÇÕES.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

LIÇÕES DE INTERPRETAÇÃO: ENEM 2009



Senhores e senhoritas,


Existe um riso que é mais interior, isto é, mais involuntário e cruel. Falemos desse tipo de riso que pode surgir na comunicação oral ou escrita.

Quando alguém diz a outrem alguma coisa, quer, em última instância, fazer aceitar o que está sendo dito. Para isso, vale-se de uma série de mecanismos. Vejamo-los:

- Dizer sem ter dito;

- Dizer menos para que se entenda mais;

- Dizer e afirmar não ter dito;

- Deixar subentendidamente claro o que não se disse;

- Revelar significados encobrindo-os...


1) Observem estes relatos

- Qual o vento que os cachorros mais temem?

- Furacão.


2) Na viagem, a mãe ajuda a filha, que está enjoada. O cavalheiro ao lado pergunta:

- Foi comida?

- Foi, mas vai casar, responde a mãe.


3) Mãe: - O menino precisa de uma enciclopédia para ir à escola.

Pai: - Que nada! Ele que vá a pé como eu sempre fui.


4) - Estou com vontade de 'brincar' com a Luiza Brunet de novo.

- O quê? Você já 'brincou' com ela?

- Não. Mas já tive essa vontade antes.


5) Criança na esquina, pedindo esmola e fumando. A madame, com pena, dá-lhe um trocado e pergunta:

- Por que você não está na escola, meu filho? O garoto responde:

- Não posso, tenho só quatro anos.


6) - AS DUAS OCORRÊNCIAS DE "RECEBER"

- Sua mãe tá aí? Você não vai receber?

- Receber por quê? Por acaso ela me deve alguma coisa?


7) A PRESSUPOSIÇÃO DO TERMO "MAIS"

-Preciso de um emprego. Tenho 10 filhos.

- E o que mais o senhor sabe fazer?


8) CERTAS OPINIÕES NÃO SE EXPLICITAM

A visita está saindo. A mãe pergunta ao filho, que está por perto:

- E o que é que a gente diz quando a visita vai embora?

- Graças a Deus!


Enfim, de que é que você está rindo?


Boas férias!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

LIVRO PARA O VESTIBULANDO!



Senhores e senhoritas,


Cuidemos para que a leitura não caia na teia do senso comum. A expressão "leitura" sugeria logo a imagem de uma livraria silenciosa, com imagens de Platão ou de outro pensador ilustre, uma ampla poltrona almofadada, uma janela aberta sobre os aromas de um jardim; e neste recanto silencioso, um homem fino, erudito, saboreava linha a linha o seu livro num recolhimento quase amoroso. A ideia de leitura, hoje, lembra uma atividade que pode ser realizada em qualquer lugar em que estejamos. Na fila de um Banco, podemos encontrar alguém folheando páginas às pressas; no metrô, no ônibus ou na escadaria de algum colégio ou ainda no banheiro...podemos imaginar alguém à procura de algo para ler, pois os livros se dividem em duas classes: livros do momento, e livro de todo o momento.


Assim sendo, recomendo-lhes o livro "Crianças Vitimizadas: A Síndrome do Pequeno Poder", organizado por Maria Amélia Azevedo. Iglu Editora,212 páginas. Trata do silêncio sobre a violência das mazelas cotidianas. Uma multidão de crianças vitimadas pela miséria passou a ser reconhecida nas ruas dos grandes centros. O que se nota é a violência dos adultos sobre as crianças. Um espectro enorme de abusos físicos, sexuais e psíquicos a que as crianças têm sido submetidas é dissimulado pela privacidade e pelo poder patriarcal. É o caso da família NARDONI.


Não é arriscado alertar contra o INFANTICÍDIO uma vez que em 1981, entre os pacientes do Manicõmio Judiciário do Estado de São Paulo, a metade havia assassinado crianças e 90% destas mulheres atacaram seus próprios filhos. O livro pode ajudá-los a organizar o pensamento reflexivo sobre tal problemática que, infelizemente, atinge a moral de nossa época. Leiam!


Até mais.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

LIVROS DE AUTOAJUDA?



Senhores e senhoritas,


Férias! período de folga. O termo vem do latim feriae. Para os romanos eram dias em que os deuses pagãos deviam ser honrados. Também designou o período em que a população festejava as vitórias militares. Hoje, meus alunos, significa o período em que os alunos não têm aula. As férias escolares brasileiras costumam ocorrer nos meses de janeiro, fevereiro, julho e dezembro. Mas...voltemos ao título: LIVROS DE AUTOAJUDA? Sim, livros que são vendidos como remédio.


Num país onde se consomem dois livros por habitante por ano, esse tipo de publicação seduz um novo público que procura não a leitura, mas soluções para as mais diversas crises. Tal leitor poderia comprar pílulas de soluções de problemas, mas ainda não estão à venda. É bom que se note, porém, que tais livros não têm nada a ver com a literatura, pois são feitos de linguagem morta. Quem escreve pode ser impostor, quem compra pode ser ingênuo. O lamentável é que até a fição está sendo invadida pela praga da AUTOAJUDA. "Brida", "O Alquimista"..."O Diário de Um Mago"...Não se esqueçam, meus alunos, o senso-comum disfarçado por uma linguagem místico-científica vira novidade.


Enfim, aprendamos um pouco mais sobre LIVROS:


- "De que serve um livro que não saiba levar-nos para além de todos os livros?" (Nietzche)

- "Livro que não seja digno de lido duas vezes, nem de uma sequer é digno" (Weber)

- "Cada época tem o seu prórprio livro" (Maomé)

- "Há livros que devem ser saboreados, outros devorados, e poucos mastigados e digeridos" (Francis Bacon)

- "Casa sem livros: corpo sem alma" (Cícero)

-"Os livros a uns levam à sabedoria, a outros à loucura" (Petrarca)

-"Há livros que lemos com a impressão de estar dando uma esmola ao autor" (Friedrich Hebbel)


Não nos esqueçamos, pois, de que Libri vivi magistri sunt (os livros são mestres dos vivos).

Em perído do Férias, é bom que se leiam os CLÁSSICOS!


Até mais!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

GRIPE SUÍNA OU GRIPE MEXICANA?



Senhores e senhoritas,


O movimento em torno do 'politicamente correto' atinge não só a linguagem, mas a variados campos da prática social. É certo que a luta em torno do ser 'politicamente correto' serviu de combate ao racismo, ao machismo e até a diversos tipos de "doenças", como, lepra, aids e, agora, gripe suína.


Não menos certo é o teor crítico que vê reducionismo na crença de que a simples troca de palavras maarcadas por palavras não marcadas ideologicamente possa produzir a diminuição de preconceitos.


Bakhtin(1929) afirma que o signo não reflete, mas refrata a realidade, tornando-se, dessa forma, palco da luta de classes. É por isso que vemos, atualmente, a disputa pelo sentido de certas palavras. Há grupos econômicos organizados em torno dos sentidos das palavras e lutam para que alguns sentidos sejam vitoriosos e, outros, eliminados.


É o caso da GRIPE SUÍNA OU MEXICANA OU H1 OU .....

Quando foi publicada a notícia da gripe suína o medo se espalhou. A própria palavra se encarregou de espalhar medo e aversão. O vice-ministro de ISRAEL, Yakov Litzman, solicitou que evitassem espalhar o termo GRIPE SUÍNA a fim de que o preconceito também não invadisse fronteiras. Pois bem, chamá-lá-emos GRIPE MEXICANA. Ora, a Confederação de Suinicultores Mexicanos logo entendeu que o conceito afetaria seus negócios. Então, o medo passou a ficar mais forte. A palavra coloca mais medo do que o sintoma.


Dessa forma, temos GRIPE SUÍNA, GRIPE MEXICANA, GRIPE A(H1N1), GRIPE A, e, atualmente, GRIPE H1N1. São 5 termos para uma mesma doença. Como diz o macaco simão, "é mole!"

Percebem, meus alunos, que há mais coisa entre o céu e a terra!

Até mais!