domingo, 3 de fevereiro de 2008

O jovem e Machado de Assis l


Na noite em que faleceu Machado de Assis, reuniam-se, na sala principal, alguns poucos nomes, entre os quais, Coelho Neto, Graça Aranha, Mário de Alencar, José Veríssimo, Raimundo Correia e Rodrigo Otávio.
Surpreendentemente, ouviram-se lentas pancadas na porta principal da casa. Abriram-na. Não era um grande nome da época. Um adolescente, aproximadamente 18 anos. Tímido. Não era conhecido por ninguém ali. Na verdade, não conhecia o próprio dono da casa, senão pela leitura de suas crônicas e outros textos. O certo é que o jovem foi conduzido por uma boa alma ao quarto do doente. Entrou. Não disse uma palavra. Simplesmente, ajoelhou-se. Tomou a mão do mestre; beijou-lhe ternamente. Em sinal de gratidão singular, levou-a mansamente ao peito. A mão do mestre tocou-lhe o peito juvenil. Sem dizer uma palavra, levantou-se e saiu. O mestre levou o encanto do rapaz, este carregou pelas ruas e pela vida o canto do mestre. José Veríssimo, comovido, perguntou-lhe o nome: Astrojildo Pereira. Um moço que estava representando todo o desejo de nossa geração.

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