Na noite em que faleceu Machado de Assis, um jovem desconhecido, ao entrar no quarto do doente, não emitiu palavras, lembrando a crônica do mestre de 13/12/1896, na qual o cronista dizia “eu poupo as palavras”; não viu uma paisagem fúnebre naquele quarto; antes, lembrou-se do cronista de “Uma Semana”, segundo o qual “só a beleza intelectual é independente e superior. A beleza física é irmã da paisagem”.
Enquanto alguns companheiros de Machado viam os últimos suspiros, o jovem tímido abstraía, pelo menos, duas lições fundamentais, a saber, a origem da sabedoria e a concepção de morte. Quanto à primeira, não percebeu ali uma sabedoria cunhada pelo Livro de Jó, isto é, proveniente do sofrimento; ao contrário, veio-lhe à mente as palavras em ‘Memorial de Aires, 24 de agosto de 1888′: “Tudo é fugaz neste mundo. Se eu não tivesse os olhos adoentados dava-me a compor outro Eclesiastes , à moderna, posto nada deva haver moderno depois daquele livro. Já dizia ele que nada era novo debaixo do sol”
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