O ensino de interpretação de texto nas escolas ainda está apoiado  em concepção fundacionista sobre  texto  e  sobre  ensino. Tal concepção acredita que  o texto possua uma natureza específica e que a interpretação verdadeira envolva a tentativa de esclarecer de algum modo a essência textual. Defende ainda a noção de que exista uma intenção do texto. Ora, se continuarmos a valorizar postura ocultista sobre textos, é melhor transformar nossas aulas em seminários sobre Peirce e Semiótica, pois   conforme a sugestão de U.Eco, seguidor de Peirce, "reconhecer a  intentio operis  é reconhecer uma estratégia semiótica".
Assim sendo, nossas aulas se limitam a apresentar CHAVES  para que o aluno, diante do vestibular, penetre na essência do texto. Tais chaves recebem nomes, como, coerência, coesão, antíteses, ambigüidades, implícitos, anáforas, entre outros. O  ocultismo é tão grande que o principal livro de interpretação  de texto chama-se: "DESVENDANDO OS SEGREDOS DO TEXTO". Dessa forma, interpretar não é tarefa a qualquer mortal.  É um  milagre.
Ora, devemos desconfiar da idéia estruturalista de que saber mais sobre os "mecanismos textuais"  represente o sucesso do aluno. O importante é conduzi-lo a perceber que ler textos é, sobretudo, uma questão de lê-los à luz de outros textos, pessoas ou informações; é o resultado de um confronto com um autor, personagem, estrofe ou verso. Esta aula sobre o texto usa o autor ou o texto  não como busca à  intentio operis, mas como ocasião para abandonar uma resposta anteriormente aceita, ou para dar um outro tom a uma história já contada. INTERPRETAR, não significa  carregar  chaves  verdadeiras. INTERPRETAR É PENSAR.
Um comentário:
estou com saudades ernaldicas. Por que nos abandonou?
abraço do battistetti
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