"Ei-lo que chega...Carnaval à porta!...Diabo! aí vão palavras que dão idéias de um começo de recitativo ao piano; mas outras posteriores mostram claramente que estou falando em prosa; e se prosa quer dizer falta de dinheiro (em cartaginês, está claro) então é que falei como um Cícero.
Carnaval à porta. Já lhe ouço os guizos e tambores. Aí vêm os carros das idéias...Felizes idéias, que durante três dias andais de carro! No resto do ano ides a pé, ao sol e à chuva...Mas lá chegam os três dias, quero dizer os dois, porque o de meio não conta; lá vêm, e agora é a vez de alugar a berlinda, sair e passear.
Nem isso, ai de mim, amigas, nem esse gozo particular, único, cronológico, marcado, combinado e acertado me é dado saborear este ano. Não falo por causa da febre amarela; essa vai baixando. As outras febres são apenas companheiras...Não; não é essa a causa.
(...) -Falta-me prosa..."(Bons Dias, 27 de fevereiro de 1889).
Há, com certeza, muitas coisas a pensar sobre esta crônica. O que se pretende, neste espaço, é mostrar um texto machadiano carregado de 'agoras' ou antecipando nossos dias: carnaval
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