quarta-feira, 8 de julho de 2009

LIÇÕES DE INTERPRETAÇÃO: ENEM 2009



Senhores e senhoritas,


Existe um riso que é mais interior, isto é, mais involuntário e cruel. Falemos desse tipo de riso que pode surgir na comunicação oral ou escrita.

Quando alguém diz a outrem alguma coisa, quer, em última instância, fazer aceitar o que está sendo dito. Para isso, vale-se de uma série de mecanismos. Vejamo-los:

- Dizer sem ter dito;

- Dizer menos para que se entenda mais;

- Dizer e afirmar não ter dito;

- Deixar subentendidamente claro o que não se disse;

- Revelar significados encobrindo-os...


1) Observem estes relatos

- Qual o vento que os cachorros mais temem?

- Furacão.


2) Na viagem, a mãe ajuda a filha, que está enjoada. O cavalheiro ao lado pergunta:

- Foi comida?

- Foi, mas vai casar, responde a mãe.


3) Mãe: - O menino precisa de uma enciclopédia para ir à escola.

Pai: - Que nada! Ele que vá a pé como eu sempre fui.


4) - Estou com vontade de 'brincar' com a Luiza Brunet de novo.

- O quê? Você já 'brincou' com ela?

- Não. Mas já tive essa vontade antes.


5) Criança na esquina, pedindo esmola e fumando. A madame, com pena, dá-lhe um trocado e pergunta:

- Por que você não está na escola, meu filho? O garoto responde:

- Não posso, tenho só quatro anos.


6) - AS DUAS OCORRÊNCIAS DE "RECEBER"

- Sua mãe tá aí? Você não vai receber?

- Receber por quê? Por acaso ela me deve alguma coisa?


7) A PRESSUPOSIÇÃO DO TERMO "MAIS"

-Preciso de um emprego. Tenho 10 filhos.

- E o que mais o senhor sabe fazer?


8) CERTAS OPINIÕES NÃO SE EXPLICITAM

A visita está saindo. A mãe pergunta ao filho, que está por perto:

- E o que é que a gente diz quando a visita vai embora?

- Graças a Deus!


Enfim, de que é que você está rindo?


Boas férias!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

LIVRO PARA O VESTIBULANDO!



Senhores e senhoritas,


Cuidemos para que a leitura não caia na teia do senso comum. A expressão "leitura" sugeria logo a imagem de uma livraria silenciosa, com imagens de Platão ou de outro pensador ilustre, uma ampla poltrona almofadada, uma janela aberta sobre os aromas de um jardim; e neste recanto silencioso, um homem fino, erudito, saboreava linha a linha o seu livro num recolhimento quase amoroso. A ideia de leitura, hoje, lembra uma atividade que pode ser realizada em qualquer lugar em que estejamos. Na fila de um Banco, podemos encontrar alguém folheando páginas às pressas; no metrô, no ônibus ou na escadaria de algum colégio ou ainda no banheiro...podemos imaginar alguém à procura de algo para ler, pois os livros se dividem em duas classes: livros do momento, e livro de todo o momento.


Assim sendo, recomendo-lhes o livro "Crianças Vitimizadas: A Síndrome do Pequeno Poder", organizado por Maria Amélia Azevedo. Iglu Editora,212 páginas. Trata do silêncio sobre a violência das mazelas cotidianas. Uma multidão de crianças vitimadas pela miséria passou a ser reconhecida nas ruas dos grandes centros. O que se nota é a violência dos adultos sobre as crianças. Um espectro enorme de abusos físicos, sexuais e psíquicos a que as crianças têm sido submetidas é dissimulado pela privacidade e pelo poder patriarcal. É o caso da família NARDONI.


Não é arriscado alertar contra o INFANTICÍDIO uma vez que em 1981, entre os pacientes do Manicõmio Judiciário do Estado de São Paulo, a metade havia assassinado crianças e 90% destas mulheres atacaram seus próprios filhos. O livro pode ajudá-los a organizar o pensamento reflexivo sobre tal problemática que, infelizemente, atinge a moral de nossa época. Leiam!


Até mais.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

LIVROS DE AUTOAJUDA?



Senhores e senhoritas,


Férias! período de folga. O termo vem do latim feriae. Para os romanos eram dias em que os deuses pagãos deviam ser honrados. Também designou o período em que a população festejava as vitórias militares. Hoje, meus alunos, significa o período em que os alunos não têm aula. As férias escolares brasileiras costumam ocorrer nos meses de janeiro, fevereiro, julho e dezembro. Mas...voltemos ao título: LIVROS DE AUTOAJUDA? Sim, livros que são vendidos como remédio.


Num país onde se consomem dois livros por habitante por ano, esse tipo de publicação seduz um novo público que procura não a leitura, mas soluções para as mais diversas crises. Tal leitor poderia comprar pílulas de soluções de problemas, mas ainda não estão à venda. É bom que se note, porém, que tais livros não têm nada a ver com a literatura, pois são feitos de linguagem morta. Quem escreve pode ser impostor, quem compra pode ser ingênuo. O lamentável é que até a fição está sendo invadida pela praga da AUTOAJUDA. "Brida", "O Alquimista"..."O Diário de Um Mago"...Não se esqueçam, meus alunos, o senso-comum disfarçado por uma linguagem místico-científica vira novidade.


Enfim, aprendamos um pouco mais sobre LIVROS:


- "De que serve um livro que não saiba levar-nos para além de todos os livros?" (Nietzche)

- "Livro que não seja digno de lido duas vezes, nem de uma sequer é digno" (Weber)

- "Cada época tem o seu prórprio livro" (Maomé)

- "Há livros que devem ser saboreados, outros devorados, e poucos mastigados e digeridos" (Francis Bacon)

- "Casa sem livros: corpo sem alma" (Cícero)

-"Os livros a uns levam à sabedoria, a outros à loucura" (Petrarca)

-"Há livros que lemos com a impressão de estar dando uma esmola ao autor" (Friedrich Hebbel)


Não nos esqueçamos, pois, de que Libri vivi magistri sunt (os livros são mestres dos vivos).

Em perído do Férias, é bom que se leiam os CLÁSSICOS!


Até mais!