sábado, 30 de agosto de 2008

POSIÇÃO DO TERMO E ALTERAÇÃO DE SENTIDO


Senhores e senhoritas,


Observem os dois enunciados que seguem:


I - No restaurante tem uma pessoa para tirar a casca de tomate.

II - No restaurante tem uma pessoa para tirar a casca de tomate.

Em I, a palavra atinge a expressão "tem uma pessoa", dando a entender que é pouco para tanto serviço.


Em II, a palavra atinge a expressão "tirar a casca de tomate", indicando que o trabalho é tanto, que exige uma pessoa exclusivamente (só) destinada àquela função.


Outrossim, a palavra "só", denotativa de exclusão, de acordo com a Nomenclatura Gramatical Brasileira, está a serviço do estilo e produz uma variação, senão vejamos:


"Ele só lê crônicas": entendemos que ele não escreve crônicas. A palavra "só" atinge a forma verbal "lê", isto é, só lê, não escreve. Entretanto, o enunciado "Ele lê só crônicas", entender-se-ia que ele não lê outro tipo de texto.


Dessa forma, o importante é buscar, na linguagem escrita, a expressão precisa, que não dê margem a uma segunda leitura.

domingo, 24 de agosto de 2008

INTERPRETAÇÃO: Competência para o ENEM


Senhores e senhoritas,


O certo é que a disposição das palavras na frase pode estar a serviço tanto da clareza do enunciado como da ênfase.

VEJAM: "olhos verdes" e "verdes olhos". Aparentemente, não há diferença entre as frases, pois ao substantivo "olhos" se apõe uma qualidade de cor. Todavia, é igualmente certo que a anteposição do adjetivo confere subjetividade à expressão.


Analisem a posição do pronome:

Para indicar idéia de posse, o pronome sempre aparece anteposto ao substantivo: "seus amigos". Entretanto, analisem estas expressões:

"Deus meu!"

"Filho meu, que coisa é essa!"

Percebam que os pronomes pospostos configura tom solene à expressão, que ganha ênfase.


Analisem, porém, outras expressões:

" Filha minha não casa com carcamano"

"Aluno meu não erra esse exercício"

Observem, pois, que a ausência do artigo antes do substantivo garante tom de generalização. Não se trata de um aluno em particular, mas de qualquer um deles. Então, a posposição nem sempre confere solenidade à formulação.


Enfim, expliquem as diferenças de sentido em:

I- "Minhas lembranças são importantes a todos".

II - "Lembranças minhas são importantes a todos".


I- "Você viu minhas fotografias?"

II - "Você viu fotografias minhas?"


domingo, 17 de agosto de 2008

POLISSEMIA: COMPETÊNCIA PARA O ENEM



Senhores e senhoritas,





Fala-se em "polissemia" a propósito dos diferentes sentidos de uma mesma palavra. Ela se opõe à homonímia: para que haja polissemia, é preciso que haja uma só palavra; para que haja homonímia, é preciso que haja mais de uma palavra.


Além das palavras, a polissemia afeta a maioria das construções gramaticais: um bom exemplo é o chamado "aumentativo" dos nomes: se pensarmos nas razões pelas quais alguém poderia ser chamado de RICARDÃO, em vez de RICARDO, encontraremos explicações como "porque é alto", "porque é grande", "porque é um grosseiro", "porque é desajeitado" e até mesmo "porque é uma pessoa com quem todos se sentem à vontade". Normalmente é difícil dizer até que ponto vale cada uma dessas explicações. Da idéia de tamanho passa-se à idéia de um certo modo de ser e de relacionar-se.


VEJA:

É possível dizer, em português brasileiro, "cabeça de alfinete, cabeça de dedo (em algumas regiões), cabeça de um prego, cabeça de alho..." O que há, em comum, entre esses usos da palavra "cabeça"?

FAÇA o mesmo raciocínio para estas outras palavras:

xadrez (jogo); xadrez (tecido); xadrez (carceragem).

cebolinha (legume); cebolinha (peça do motor do automóvel)

gravata (golpe de luta livre); gravata (peça de roupa).


É certo que achar as coisas boas ou ruins depende de quem acha; não menos certo é que depende também do que queremos fazer com elas. Pense na seguinte situação, e responda à pergunta:

SITUAÇÃO:

1. você vai ao baile de formatura.

2. você vai passear na praia.

3. você vai a um churrasco e sabe que o dono da casa, um folgado, vai encarregá-lo de tomar conta da churrasqueira.

4. você vai fazer inscrição no primeiro ano de faculdade, e sabe que os veteranos vão aplicar-lhe um trote.

O QUE VEM A SER UMA BOA ROUPA?


Enfim, tente imaginar o maior número possível de sentidos diferentes com que alguém poderia dizer cada uma destas frases:

"Fiz um provão!"

"É um mulherão"

"Esta é a minha casinha"

"Puxa, que carrão!"

"Foi um golaço!"


domingo, 10 de agosto de 2008

COESÃO TEXTUAL: COMPETÊNCIA PARA O ENEM


Senhores e senhoritas,


Um texto bem redigido apresenta perfeita articulação de idéias, obtida por meio do encadeamento semântico (sentido) e do encadeamento sintático (mecanismos que ligam as palavras e as orações). As palavras cuja função é estabelecer conexões são: conjunções, preposições, pronomes e até mesmo advérbios. Conheça a função que tais elementos exercem no texto:


I- PRIORIDADE,RELEVÂNCIA: em primeiro lugar, antes de mais nada, sobretudo...

II- TEMPO, DURAÇÃO: então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, em seguida, afinal...

III- SEMELHANÇAS, COMPARAÇÃO: igualmente, da mesma forma, por analogia...

IV- CONDIÇÃO, HIPÓTESE: se, caso, eventualmente...

V- ADIÇÃO, CONTINUAÇÃO: além disso, por outro lado, também, e, não só...mas também...

VI- DÚVIDA: talvez, provavelmente, possivelmente, quiça, quem sabe, se é que...

VII- CERTEZA, ÊNFASE: por certo, certamente, indubitavelmente, sem dúvida...

VIII- ESCLARECIMENTO: por exemplo, isto é, quer dizer, a saber, ou seja...

IX- INTENÇÃO, FINALIDADE: com o fim de, a fim de, com o propósito de, para que...

X - LUGAR, PROXIMIDADE: perto de, próximo a, próximo de, mais adiante, além...

XI- RESUMO, CONCLUSÃO: em suma, em síntese, em conclusão, dessa forma...

XII - CAUSA, CONSEQÜÊNCIA: por conseqüência, por conseguinte, por causa de, pois...

XIII- CONTRASTE, OPOSIÇÃO: pelo contrário, exceto, menos, contudo, se bem que...

XIV- ALTERNATIVA: ou...ou, ora...ora, quer...quer,seja...seja, nem...nem (...)


ERNALDICANDO: Indique a frase na qual o elemento de conexão está adequadamente empregado:

a) A menos que os traficantes fiquem impunes, o tráfico de drogas não será eliminado.

b) O número de assaltos vem crescendo espantosamente, uma vez que a polícia tem agido com um rigor cada vez maior nas investigações desses crimes.

c) Não obstante haja na tevê aberta diversos programas educativos, o público prefere os apelativos.

d) A despeito da alta taxa de desemprego no país, o brasileiro continua a duvidar da política atual.

e) Na África, as tribus hutus e tutsis, embora sejam inimigas, vivem em constante conflito.

domingo, 3 de agosto de 2008

VARIAÇÕES LINGÜÍSTICAS: Competência para o ENEM


Senhores e senhoritas,


Variações Lingüísticas: Existe um grande número de fatores (como o grupo social, a idade, o sexo, o grau de instrução, etc.) que interferem na maneira individual que o falante tem de se expressar. Dessa forma, compreendemos o item "variações lingüísticas".


Grosso modo, podemos considerar a existência de três tipos gerais de variações:


I- VARIAÇÃO SOCIOCULTURAL: grupo social ao qual o falante pertence;

II- VARIAÇÃO GEOGRÁFICA: região em que o falante vive durante um certo tempo;

III- VARIAÇÃO HISTÓRICA: tempo (época) em que o falante vive.


VARIAÇÃO SOCIOCULTURAL:

Falante 1: "- Eles ficou por fora porque não foi nas aula"

Falante 2: "-Eles não entenderam nada porque não foram às aulas".

O falante 1 faz parte de uma classe economicamente mais pobre da sociedade.

O falante 2 representa aqueles que tiveram melhores possibilidades sociais e econômicas e, por isso, freqüentaram a escola.


VARIAÇÃO GEOGRÁFICA: sotaques diferentes.

- Vacê trôxe rede?

- Não.

-Curchuádo?

-Também não.

-E cuberta?

-Também não trouxe.


VARIAÇÃO HISTÓRICA

- Ai flores, ai flores do verde pino, Pino = pinheiro.

se sabedes novas do meu amigo? Sabedes = sabeis

Ai, Deus, e u é? U = onde; É = está.


Enfim, as variações de uma região para outra recebem o nome de VARIAÇÕES DIATÓPICAS. As variações de um grupo social para outro são chamadas de DIASTRÁTICAS: "Pô, Erundina, massa!". As variações de uma situação de comunicação para outra são denomindas VARIAÇÕES DIAFÁSICAS: uma conversa com amigos num bar permite uma linguagem bem informal. As variações de uma época para outra são chamadas DIACRÔNICAS.


ENEM: As variantes lingüísticas devem ser adequadas à identidade de quem as utiliza e, quanto ao uso, há de se verificar o grau de coerência (uma personagem não pode usar uma variante e, na mesma situação, utilizar outra muito diferente; por exemplo, ora fala na variante gaúcha, ora na carioca). A mistura pode ser feita desde que se tenha um grau elevado de conhecimento da língua, a fim de saber como combiná-las.