Senhores e senhoritas,
Lembre-se de que não há anistia gramatical.
O desprezo à norma culta pode ser o caminho da exclusão.
Ler bons autores para dominar melhor as estruturas da língua é uma prática útil.
Dessa forma, veja:
1h por dia de:
- Graciliano Ramos;
- João Ubaldo Ribeiro;
- Luís Fernando Veríssimo;
- Machado de Assis;
- Millor Fernandes.
Agora, aproveite as férias!
A pomba e o menino
Outro dia, avistei um menino pálido, descalço, sem camisa e pernas finas, desses que vemos todos os dias no Brasil. Ao cruzar uma avenida movimentada e perigosa, dessas que ameaçam todos os passantes da rua, avistou uma pomba que ciscava à beira de uma árvore sem folhas, dessas que sofrem a consequência da crise ambiental.
De repente, tomou uma pedra e a lançou em direção à pomba; acertou-a; a asa esquerda pendeu ao chão. Ela ameaçou um vôo, mas tão somente conseguiu debater-se diante do enorme muro na sua frente. O muro sempre surge diante das dificuldades da vida. Se não fora a pedrada, a pomba não buscaria o muro. O muro, a pomba, a pedra, o menino, a morte, a vida, o barulho dos carros, a poluição, as buzinas, o muro, a pedra, o menino, a asa caída.
Um carro passou; outro, mais outro. O menino olhava o carro e a pomba; a pomba e o carro; a pedra e a pomba. Outra asa é atingida. O muro insensível, mostrava-se duro e longo; longo e duro é o martírio.
A pomba? arrastava-se sobre o pesado muro; asas arriadas, arcadas e caídas. O menino, a pequena distância. O perigo sempre se mostra a curta distância. Outra pedrada; erra o alvo; ainda há vida; a pomba se arrasta vagarosamente sob o olhar implacável do longo e teso muro.
Mais uma pedrada; acerta-a; outra; mais outra; outra mais. O alvo é prontamente atingido. Segue-se um minuto de observação metafísica...outra pedrada....outra....
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