Ao falarmos em infância, não devemos omitir a presença de, pelo menos, dois grandes grupos, a saber, o defensor das idéias agostinianas e cartesianas; outro, não menos importante, amalgamado ao pensamento de Rousseau. 
   Santo Agostinho viu a infância submersa no pecado, pois a criança  estava despojada da razão.  Nesta perspectiva, Descartes comparou a criança a  alguém que vive  uma época do predomínio da imaginação sobre a razão. A criança é, para esses autores, um momento de turbulência. A infância é um período de terror. Quanto mais cedo saíssemos da condição de criança, melhor seria para a humanidade.
   Rousseau, entretanto, trouxe outra visão sobre a infância. Esta passa a ser vista como o centro da inocência e da pureza. Ela é uma etapa necessária para o acolhimento da verdade e para a participação no que é moralmente correto. É, pois, um bem  ao  homem."Oh! que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais!"
   A literatura,   entre os séculos XIX  e XX ,apresentará novas concepções de infância. Senão vejamos: o conto  AS AVENTURAS DE PINÓQUIO, de Carlo Collodi, vai mostrar a infância como algo obtido por construção e, sobretudo, na relação estreita com a escola. Gepeto recebe um pedaço de pau falante e o transforma em  boneco. O importante, pois, é perceber que Pinóquio de Collodi  não é essencialmente mau nem bom, é apenas um boneco de pau. Uma nova concepção de infância é ensaiada. A  infância, em Collodi, apresentará indícios, os  quais  serão recuperados, predominantemente, por  Philippe Ariès, no início dos anos 60, sob  o  conceito  de a descoberta da infância  ou  invenção da infância. O que há, portanto, de fundamental a salientar é  que a  infância passará a ser vista como algo dependente da construção histórica. Vamos conversar sobre a infância  em  Collodi  e  Ariès?
Então, até  sexta-feira!
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